Canadian Broadcast Corporation uniu Record e SporTV no Pan; canal pago fez boa cobertura

TV canadense uniu Record e SporTV no Pan; canal pago fez boa cobertura

A CBC, Canadian Broadcast Corporation, conseguiu uma missão que parecia das mais complicadas antes das competições dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, finalizados neste último domingo (26).

Com uma qualidade para lá de duvidosa em algumas das imagens que gerou e ignorando diversos eventos, inclusive alguns de relevância, como o handebol e o polo aquático, a transmissão providenciada pelo comitê organizador gerou o uníssono pedido de desculpas dos narradores da Record e do SporTV, que sempre justificavam que a “culpa” do problema não era originalmente deles.

Nas finais do handebol, por exemplo, cada grupo se virou como pode. A Record News, em parceria com emissoras da Argentina e de Cuba, tornou-se a única a transmitir as disputas na íntegra.

O SporTV improvisou ao encarregar os jogos para a única câmera do notebook do repórter Edgar Alencar. Também deu certo.

Valeu o esforço em ambos os casos. Somente assim foi possível que os brasileiros acompanhassem duas das medalhas de ouro do país em esportes coletivos.

Record News e SporTV, aliás, saem completamente em alta do Pan. Mas com caminhos bem distintos. Uma fez toda a sua transmissão dos estúdios de São Paulo, outra foi a única emissora do continente a construir um estúdio panorâmico em Toronto.

Cada uma ao seu modo, ambas tiveram boas narrações, comentários pertinentes, interação com o público e se credenciaram não somente a fazer papéis esperados aos seus tamanhos na Olimpíada como até a ceder profissionais de seus times para, respectivamente, Record e Globo.

Aliás, a emissora carioca fez uma cobertura protocolar dos Jogos em seus telejornais e programas esportivos, mas digna. Longe de ignorar a competição, o Pan rendeu VTs diários no “Jornal Nacional”, algo que nem mesmo o futebol nacional ostenta.

Outras redes sem os direitos do evento, ESPN, RedeTV! e Esporte Interativo, tal qual a Globo, enviaram repórteres para Toronto em pelo menos parte da competição. SBT e Band, não.

Vale lembrar que entre todas as emissoras brasileiras citadas nessa matéria, apenas RedeTV! e SBT não transmitirão a Olimpíada. A promessa para 2016 é de fortes emoções com uma disputa bem mais acirrada.
No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o http://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

 

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“Jornal Nacional” repete erro do “Fantástico”, mas também tem chances de se adaptar

O “Jornal Nacional” estreou um novo cenário na última segunda-feira (27) sem repetir a pompa com que lançou a novidade anterior, em 2009.

Na ocasião, o espaço foi apresentado em detalhes pelos apresentadores antes da escalada. Agora em 2015, a novidade entrou no ar repentinamente e foi sendo descoberta apenas conforme seu uso.

De repetição, somente a do afobamento que marcou a estreia do cenário do “Fantástico” há exatamente um ano. Naquele dia, assim como o “JN”, o formato da atração também sofreu mudanças com a chegada do novo espaço.

O problema de ambos é que as inovações foram incluídas de forma repentina e conjunta. Ou seja, de cara, mais assustam do que atraem o público.

No “show da vida”, diversos detalhes foram sendo atenuados com o passar do tempo, como a presença de “fanticons” na tela e a exibição de detalhes das reuniões de pauta. Hoje, o programa passa por uma fase mais estável justamente por focar no que lhe consagrou: as grandes reportagens.

No “JN”, isso equivaleria a se prender menos em conversas e links quando dispensáveis e se prezar a seguir como o grande painel que resume as notícias do dia no Brasil e no mundo. É uma questão em que a alteração da linguagem pesa mais que a do conteúdo.

É excelente que William Bonner e Renata Vasconcellos possam conversar, por exemplo, com Carol Barcellos e Clayton Conservani, presentes no Nepal após o terremoto, de forma mais informal, podendo colher detalhes que passariam batidos numa entrada mais padronizada.

Mas é desnecessário dedicar a estrutura e o tempo de um link para mostrar como o Japão (que não foi afetado pelo terremoto do último final de semana) se protege de tremores, por exemplo.

A informalidade pode ser diluída em detalhes e comentários quando pertinentes. O principal é que seja, de fato, natural. Teatralizar espontaneidade é função para “Malhação”.

Bonner, Renata e a equipe têm todo o talento para irem se ajustando ao novo e inédito modelo. Afinal, nunca antes se havia caminhado durante o “JN”. Assim, é até natural que demonstrem uma certa afobação, por mais experientes que sejam.

Mas assim também fica claro que a dose de novidades injetada foi maior que a de “remédio” que o noticiário precisava para ter um ar de renovação. O movimento de câmera, por exemplo, atrai a atenção do telespectador no âncora. Mas repetido em todas as dezenas de “cabeças” ao longo da edição perde totalmente o seu impacto.

A parcimônia para o uso dos novos “brinquedos”, como os gigantescos telões em que são projetadas as imagens, é o principal desafio de adaptação do “JN” para os próximos dias.

Sorte (e azar)

Carol Barcellos e Clayton Conservani não são correspondentes internacionais e nem mesmo foram enviados ao Nepal para a cobertura de uma tragédia, mas o destino os colocou diante de uma situação que pode ser vista sob as mais diversas óticas.

Eles foram a primeira equipe internacional a entrar ao vivo da capital da Katmandu e ainda tiveram o privilégio de conferir pontos que o mundo hoje vê apenas como destroços.

Porém, claro, um terremoto de grandes proporções certamente não estava previsto no roteiro, por mais radical que pudesse ser a aventura planejada. Assim, é louvável o trabalho que vem desenvolvendo.

Nota especial para Carol, criticada por uns por demonstrar seu susto com um dos abalos secundários, tal qual Cecília Malan foi em janeiro quando ficou no meio de um ataque terrorista na França.

A atitude absolutamente humana de ambas em retratar as emoções sem esquecer de servir como olhar brasileiro em locais de destaque mundial é digna de aplausos, isso sim. Apenas retrataram o que, de fato, viveram. E assim deram uma real noção da situação que enfrentavam.

Nacional?

Na segunda-feira, quando o “JN” entrou no ar, pelo menos 11 mortes já estavam confirmadas no temporal em Salvador, ocorrido na manhã daquele dia. Ou seja, tempo suficiente para um amplo conteúdo ser gerado para a edição.

Já nos Estados Unidos, os protestos na cidade de Baltimore não deixaram vítimas fatais e ocorreram apenas no final da tarde. Entretanto, consumiram quase 4 minutos da edição, enquanto o drama soteropolitano foi alvo de apenas 1 minuto e 20 segundos.

Você nunca tinha ouvido falar de Baltimore nesta semana? Não é desinformação. A cidade, que fica na região de Washington, tem cerca de apenas 600 mil habitantes. Ou seja, pelo menos quatro vezes menos pessoas moram lá do que na capital da Bahia.

Em resumo, Baltimore passa longe de ser um grande centro estadunidense. Além de que manifestações pela questão racial já ocorrem há meses e ainda devem prosseguir na terra de Obama, enquanto desastres climáticos em território brasileiro na casa da dezena de mortes são bem raros.

O próprio tornado em Xanxerê, interior de Santa Catarina, e que ganhou destaque na mídia há pouco mais de um semana, deixou “apenas” duas vítimas fatais.

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

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Esporte na TV passa por experiências positivas neste fim de semana

Quase um ano depois da Copa do Mundo e praticamente um ano antes da Olimpíada, vivemos um certo vácuo esportivo.

2015 ainda vai ter Jogos Pan-Americanos, Copa do Mundo de futebol feminino, Copa América e outros grandes eventos, mas o fato é que nosso olhar agora se divide mesmo é entre o passado e o futuro, não no presente.

Em meio a isso, este final de semana será marcado por duas importantes experiências em TV aberta para nossas disputas internas, que podem abrir interessantes precedentes caso bem sucedidas.

Neste sábado (11), Globo e Band exibem somente para o estado de São Paulo o duelo entre Corinthians e Ponte Preta pelas quartas-de-final do Campeonato Paulista. No domingo (12), igualmente às 16h, ocorre o duelo entre Santos e XV de Piracicaba, mas com exclusividade do pay-per-view.

Mais cedo, às 11h, o Palmeiras repetirá a experiência de jogar pela manhã, desta vez medindo forças contra o Botafogo de Ribeirão Preto.

A TV acabou sendo coadjuvante na formulação desta tabela, que foi influenciada principalmente pela impossibilidade de segurança para jogos simultâneos das quatro grandes equipes paulistas e a expectativa de protestos de rua na tarde do domingo.

Mesmo obrigadas pelas circunstâncias, as redes vão experimentar uma nova alternativa para o caso de que as transmissões no meio de semana fiquem insustentáveis e seja mantido o empenho em exibir dois jogos a cada sete dias em sinal aberto, por exemplo.

Os sábados já foram refúgio do futebol em diversas oportunidades, mas geralmente em feriadões, quando as rodadas são antecipadas. Desst vez, o jogo exibido no sábado é um duelo de mata-mata e com share teoricamente alto. É uma verdadeira prova de fogo.

Por causa desse esquema diferenciado, a Globo exibirá o “Cinema Especial” no domingo para SP logo após o “Esporte Espetacular”, assim atrasando o “Esquenta” e a “Temperatura Máxima”.

A Band vai transmitir boa parte da prova da Fórmula Indy. Para o restante do país, ambas transmitem o futebol dominical normalmente, sendo a semifinal do Campeonato Carioca entre Flamengo e Vasco o destaque para a maioria das praças.

Outra peculiaridade é que Galvão Bueno ganhou folga da Fórmula 1 depois de passar a semana lançando seu livro, gerando um efeito dominó nas escalas. Assim, Cléber Machado irá narrar o Grande Prêmio da China, Luis Roberto sai do Estadual do Rio para o Paulista e Alex Escobar assume a narração no Maracanã.

Já nesta sexta-feira (10), a aposta foi totalmente intencional por parte da RedeTV!, que voltou ao circuito de transmissão do vôlei, dando horário nobre para a modalidade mais procurada pelos brasileiros para os Jogos Olímpicos até agora.

A transmissão da semifinal da Superliga feminina entre Osasco e Sesi foi a primeira do canal, que fará ainda as finais do torneio tanto entre as mulheres quanto também entre os homens, que será exibida por ela, pela Globo e pelo SporTV na manhã de domingo. O acordo fechado já engloba ainda a próxima temporada completa.

Feita dos estúdios da emissora e não do ginásio, apesar de ambos serem em Osasco, a narração de Marcelo do Ó foi caprichada e na medida para modalidade, sem considerar todos especialistas nas quadras, mas também evitando a necessidade de apresentar um esporte consagrado de forma professoral.

A comentarista Ida ficou perdida em alguns momentos, deixando momentos de vácuo em seus raciocínios, mas a experiência deve ir adequando sua fala ao ritmo da TV.

Mas o grande destaque não foi o conteúdo dos comentários e sim a forma de citação ao nome das equipes. A RedeTV! adotou o padrão oficial e chamou o popular Osasco de Molico Nestlé, respeitando o acordo de naming rights.

Na chamada para a final do torneio masculino no domingo, o nome do patrocinador Sada também foi incluído ao da equipe do Cruzeiro.

A medida, controversa no meio publicitário, rendeu elogios nas redes sociais e já gerou uma identificação imediata dos fãs de vôlei com a emissora, o que pode reverter a fraca audiência na casa das decimais quando as transmissões forem melhor divulgadas.

O fortalecimento da RedeTV! no eixo esportivo, ainda mais em eventos paralelos, já vem desde que o canal foi responsável por lançar o UFC na TV aberta. E se torna ainda mais essencial para suprir o vácuo deixado pela grave crise na Band.
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Xuxa Meneghel faz valer o peso da idolatria na ida para a Record

Muitas pessoas são admiradas por seus trabalhos. Quem se destaca em sua área começa naturalmente a agrupar admiradores que o acompanham (e que criticam também, claro). Tudo isso é elevado ao quadrado quando se tem como vitrine a TV aberta. E ao cubo quando a vida pessoal se mistura com a profissional na criação de um mito.

Xuxa Meneghel é uma das poucas pessoas que são chamadas de “rainha” sem nenhuma ironia ou exagero. É um título que, de fato, lhe compete. Estrela desde a TV Manchete, foi destaque na Globo por três da cinco décadas de história da emissora. Em paralelo a isso, namorou aqueles que possivelmente são os dois mais populares atletas do Brasil no século XX: Pelé e Ayrton Senna.

Já com Luciano Szafir, foi mãe de Sasha. O nascimento da garota rendeu na época impressionantes 10 minutos de cobertura no “Jornal Nacional”. Há dois anos, o de George, herdeiro do trono britânico, não passou de 2.

E seus eventos seguem acompanhados não só pela mídia de celebridades. Há poucos meses, o “Bom Dia Brasil” e o “Jornal da Globo” mostraram matérias sobre o aniversário de sua fundação.

Nas novelas, é comum o Parabéns da Xuxa ser a versão tocada, até como forma de fugir dos caros direitos autorais da canção original.

É sabido que há vida fora da Globo. Ana Paula Padrão e Tom Cavalcante, por exemplo, passaram longe de qualquer decadência após abandonarem carreiras sólidas na emissora líder por novos projetos. Seguem sendo referências em suas áreas.

Mas Xuxa vai além de qualquer área. Se Padrão e Tom seguiram comentados quando colocados em evidência, a loira se apresenta no cotidiano até de forma mais sutil. Na última quinta-feira (5), quando ela estava na Barra Funda comemorando o acerto com a Record, a novelinha “Malhação” exibiu uma cena em que o personagem era confrontado pela namorada sobre como cuidava dos irmãos na infância. O diálogo? “Você colocava eles para assistir Xuxa enquanto saía para jogar futebol que eu sei”.

Um dia depois, novamente Xuxa surgiu na tela da Globo. Foi graças a capa do jornal O Estado de S.Paulo, exibida durante o giro diário que o “Hora Um” faz com os principais periódicos brasileiros.

Na da Folha, o destaque foi ainda maior. Em meio a turbulência de notícias no cenário político e um dia depois de convocação da Seleção Brasileira, qual era a maior foto da capa? Sim, de Xuxa.

Detalhes assim que mostram o que ficou evidenciado com a grandiosa festa organizada pela Record para recepção da apresentadora. Com helicóptero acompanhando seu percurso, caravanas de fãs vindos de outros estados e cenário de coletiva melhor que o de muitos programas, ficou mostrada a idolatria que Xuxa gera. E que vai além da emissora que representa.

Por enquanto, a Record tem essa figura que desperta furor não somente no Brasil, mas em países como Argentina e Angola, o que pode representar até um interessante horizonte internacional, tal qual foi com Gugu para os portugueses.

Novos detalhes de veiculação, formatos e afins não são conhecidos, mas se vê o desejo das partes em que o negócio dê certo. Não como prova de nada para nenhum dos lados, mas simplesmente para que a união iniciada com o pé direito assim permaneça.

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Nova série do “Fantástico” mostra acerto do fórum de dramaturgia da Globo

Uma semana depois da estreia de Poliana Abritta no comando, o “Fantástico” apostou em Mariana Ximenes como novidade. Mas só em participação especial. A atriz protagonizou o primeiro episódio da microssérie “Eu Que Amo Tanto”.

Adaptação televisiva da obra literária de Marília Gabriela, a série se mostrou digna da badalação que obteve nos dias anteriores aos da estreia graças aos papéis incomuns em que coloca nomes consagrados.

Com direção caprichada, roteiro afiado e agilidade graças aos oito minutos de duração total por capítulo, é quase impossível desviar o olhar durante a exibição. O clima por muitas vezes se confunde com o padrão estadunidense, feito já recentemente alcançado por “Dupla Identidade”.

Por enquanto, apenas mais três episódios estão previstos, sendo estrelados por Carolina Dieckmann, Marjorie Estiano e Susana Vieira. Mas a boa aceitação do público pode fazer com que venha logo outra temporada.

Neste domingo (09), o “Fantástico” mais uma vez passou toda a sua exibição sem ter a liderança ameaçada, feito que era raro há algum tempo, quando chegava a ser batido por mais de um concorrente em diversos momentos.

Mas mais do que beneficiada pela fase atual do dominical, “Eu Que Amo Tanto” se mostra um dos bons frutos do fórum de dramaturgia global.

Liderado por Silvio de Abreu e com participação de diversos autores e diretores, esse fórum discute internamente temas essenciais para manutenção da qualidade e da audiência.

Ao estender o debate sobre as sinopses, por exemplo, quebra vícios. E a análise aprofundada não impede experimentações. Pelo contrário. Apenas as ajusta para não serem “queimadas” após rejeição popular.

Por isso, a boa fase da dramaturgia global, que mesmo sem sucessos históricos do porte de “Cheias de Charme” ou “Avenida Brasil”, sustenta atualmente tramas pelo menos medianas no ar em todas as faixas, quebrando a série de recordes negativos, mostra que estudar o público é o caminho. O prestador de serviço que se molda ao gosto do freguês.

E cada vez menos algum produto entrará no ar como simples aposta. Fica cada vez mais claro que as funções são bem analisadas para atingir em cheio os telespectadores em potencial. Com boa análise, os “acidentes de percurso” ficarão cada vez mais raros.

 

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Novo cenário conta com quatro grandes forças esportivas na TV paga

Território da TV

Novo cenário conta com quatro grandes forças esportivas na TV paga

Divulgação

ESPN e SporTV há pouco mais de 2 anos eram as maiores concorrentes no mundo esportivo na televisão por assinatura do Brasil. Uma dominando a Europa e outra com o calendário brasileiro nas mãos, duelavam com soberania pela relevante fatia do público fanático por futebol e tantas outras modalidades.

Esse cenário teve a sua primeira sacudida com a chegada do Fox Sports ao país. O canal fez valer os seus acordos internacionais e se impôs exibindo a Taça Libertadores da América e diversos campeonatos nacionais do velho continente com exclusividade.

A estratégia de demarcação agressiva deu certo, hoje a Fox já fez negociações que lhe cederam direitos como o da Olimpíada do Rio para compartilhar a Libertadores com o SporTV e mesmo assim teve margem suficiente para lançar seu segundo canal.

Bem atrás das gigantes da Disney, Globo e Fox, o Esporte Interativo e o BandSports costumavam disputar as migalhas. O EI jamais havia tido destaque além de quando exibiu com exclusividade a inédita conquista brasileira no Mundial de Handebol feminino em 2013, o que rendeu minutos preciosos de exposição da marca até mesmo em TV aberta.

Enquanto suas rivais desfilam por aí com Campeonato Espanhol, Alemão, NBA e afins, o canal costumava dar um destaque absoluto para torneios nacionais de menor porte, como as Copas Verde e do Nordeste.

Mas nada como padrinhos mágicos para mudar de patamar. E não estou falando do Cosmo ou da Wanda. Conforme já noticiado pelo NaTelinha, a Turner, filial da Warner, foi decisiva para o fechamento da maior negociação da história do Esporte Interativo.

O até então pequeno canal conseguiu a Liga dos Campeões da UEFA, o mais relevante torneio de clubes da atualidade, com exclusividade de transmissão para TV fechada. E consequentemente ganha peso para brigar por sua entrada em operadoras como Net e Sky rapidamente, já que acordo com a entidade européia já vale para a próxima temporada e tem duração de três anos.

É exatamente o mesmo processo que ocorreu com o Fox Sports e a Libertadores. A pressão dos assinantes o emplacou mais rapidamente nas programações das gigantes. Não há dúvidas de que o filme deve se repetir.

Com a vantagem de que a Libertadores tem acompanhamento disperso do brasileiro caso os representantes nacionais caiam cedo, como foi o caso de 2014. Ou alguém aí lembra destaques do título do San Lorenzo além da torcida do papa Francisco? Com a Champions, não há esse risco. São jogos que atraem atenção pelos craques em campo desde as primeiras fases.

Mas as semelhanças com a situação inicial da Fox não se limitam ao aspecto positivo. Da mesma maneira, o EI não tem oficialmente como fazer a transmissão simultânea de jogos.

Se a Fox apelou para o Speed, a opção número 2 do EI deve ser o Space. Mas a Turner tem um vasto portfólio de opções, incluindo o Cartoon Network e o Boomerang, por exemplo.

O plano C deve ser a transmissão pelo site e por aplicativos, já que os direitos comprados também valem de maneira exclusiva nessas plataformas.

De qualquer maneira, a marca Esporte Interativo deu um salto de valorização com apenas uma aquisição, que deve catalisar outras tantas mudanças no canal, incluindo a eventual contratação de profissionais de renome e ampliação da equipe.

Por enquanto, justamente um time afinado garante a sobrevivência da ESPN. A experiência da equipe de jornalismo do canal pode fazer a diferença para obtenção de algum destaque mesmo sem grandes eventos como em tempos antigos.

Enquanto isso, o Fox Sports assume a posição de maior perseguidora do SporTV, mas longe de ter um desempenho como o da raposa do Campeonato Brasileiro, já que os canais SporTV (3 fixos, mas serão 16 na Olimpíada, por exemplo) se impuseram como o sinônimo de TV do esporte.

O fato é que há quatro opções de peso e que não podem ser desconsideradas em nenhuma movimentação futura das concorrentes, seguidas de longe pelo BandSports, que toca sua vidinha mal tendo o direito de sonhar com o glamour das colegas. E que mesmo assim pode tomar eventos que interessem para as rivais ocasionalmente, como conseguiu com Roland Garros, quando levou a melhor pelo projeto em sintonia com o canal aberto do grupo e o site.

Galvão Bueno certamente diria que “não há mais bobo nos canais esportivos, amigo torcedor!”.

E a Globo de Galvão paga menos do que o EI. Enquanto a UEFA foi negociar com as TVs fechadas para faturar, pensou também no status na hora de acertar novamente com a Globo dentre as redes abertas.

Mais do que as transmissões ao vivo a partir da fase mata-mata, a rede carioca dá peso para a Champions League a cobrindo com destaque em seus programas esportivos e telejornais. Um reforço de peso para imagem do torneio.

A lógica é simples. Dentre os canais fechados, geralmente só passeia pelos segmentados quem já é fisgado pelo conteúdo. E esse consumidor vai seguir o que o atrai conforme o produto “dançar” por emissoras concorrentes.

Enquanto isso, a TV aberta precisa seduzir a massa. Há de se convencer sobre a importância das partidas de times pelo qual a maioria dos brasileiros não possui simpatia em especial. E o poder de promoção global pesa nisso.

A Band também exibe a competição, mas sem comprar diretamente os direitos e sim os tendo sublicenciados pela Globo.

Assim, estima-se que o Esporte Interativo tenha bancado 130 milhões de dólares contra 40 milhões da maior emissora do país. Negócio de gente grande.

Com a cotação atual da moeda norte-americana, o custo da UCL para o EI é superior ao que valem somados por ano Flamengo, Corinthians e São Paulo (os três que tem as maiores cotas de transmissão) para Globo e ainda resta quase um Botafogo de brinde para fechar a conta e se iguala ao recebido pelo rubro-negro carioca no mesmo período de três anos.

 

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Emissoras não surpreendem na cobertura eleitoral com reeleição de Dilma

Os prognósticos de disputa emocionante pela Presidência da República se confirmaram até além do previsto. Se os números do TSE não fossem exatos, estariam dentro de qualquer margem de erro. E como diversos levantamentos apontavam vencedores distintos, obviamente houve surpresa de parte do público com o resultado.

A expectativa era de uma disputa voto a voto, mas pela tensão alimentada durante as três horas da marcha da apuração e a constatação de que às 20h, quando as urnas finalmente seriam fechadas no Acre e os resultados nacionais poderiam ser divulgados, mais de 90% do país já teria apurado seus votos, é de que o presidente eleito já seria conhecido na primeira parcial.

Pensando nisso, a Globo até antecipou o “Fantástico” para 19h55. Assim, mostraria ao vivo a definição do vencedor logo na abertura do programa, evitando um “Plantão”.

Mas demorou mais de meia-hora desde as primeiras não-falas de William Bonner (o áudio falhou no primeiro contato com Tadeu Schmidt e Renata Vasconcellos) até que ele pudesse anunciar que “neste momento, às 8 e meia da noite de domingo, o Jornal… Vou repetir porque acaba de chegar a informação. Nós vamos anunciar dentro do Fantástico que Dilma Rousseff está reeleita oficialmente. Ela é a vencedora da eleição e presidente pelos próximos 4 anos”. Tal afirmação foi possível somente com a conclusão de 98% da apuração.

Bonner se mostrou confuso em outros momentos, mas soube encarar os deslizes com bom humor. Porém, outro jornalista que cometeu gafes no primeiro turno não teve chance de redenção. Evaristo Costa não apareceu na cobertura, sendo substituído por Ana Paula Araújo na leitura dos números.

E Ana Paula roubou a cena. Mestre no improviso desde os tempos de “RJTV”, a apresentadora do “Bom Dia Brasil” naturalmente acabou entrando até mesmo nas conversas sobre análises do resultado, papel incomum para o posto que exerceu e tradicionalmente era de Márcio Gomes em pleitos anteriores.

Ela foi, sem dúvidas, o grande destaque da morna cobertura global. Não que o conteúdo tenha sido ruim, mas muito menos que tenha sido excepcional. O maior canal do país, digamos, jogou para empatar e praticamente cumpriu tabela.

Mobilizou sua gigante estrutura pelo país por links pela programação, ancorados inicialmente por Chico Pinheiro, assim como fez as bocas de urna estaduais e exibiu os resultados durante o “Domingão do Faustão” com o tradicional GC acompanhando do som similar ao da urna eletrônica.

O “Fantástico” exibiu ainda o discurso ao vivo da presidente reeleita Dilma Rousseff, em que se ouviram por longos instantes gritos de “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” vindos da militância petista.

Não houve nenhuma redução no áudio, como é comum nas partidas de futebol quando xingamentos são feitos, mesmo que não contra a emissora. Toda a fala da petista foi ao ar na íntegra, com a voz do público se sobressaindo nos momentos de pausa.

Na Globo News, um link na Avenida Paulista teve as agressões contra o canal personificadas no âncora do “Jornal Nacional”. Muitos partidários gritaram “ei, Bonner, vai tomar…” durante entrada ao vivo do repórter Gabriel Prado.

Dessa vez, seguindo o tom comum em reeleições, todos os canais focaram mais nos aspectos futuros, deixando de lado as novidades sobre os eleitos inéditos e suas trajetórias de vida.

Em 2010, logo após a vitória, mais do que porcentagens ou apoios, matérias sobre a perseguição na ditadura e os laços búlgaros de Dilma Rousseff tomaram conta do noticiário.

O “Fantástico” ontem somente reprisou imagens de matérias de 2010 e de uma entrevista de Dilma ao repórter Marcos Losekann que já havia tido trechos exibidos no “Jornal Nacional” de sábado.

Outros canais

A Record contou com a competência de sempre de Adriana Araújo em coberturas ao vivo, mas foi tímida. O “Domingo Espetacular” se encerrou sem nenhuma citação adicional sobre a eleição, por exemplo.

A Band também repetiu seu padrão analítico, mas dessa vez ficou longos períodos com os mesmos convidados, o que tornou as conversas mais cansativas. Com menos estados resolvendo suas disputas locais, também faltou assunto em muitos momentos.

Ambas exibiram o discurso da vitória de Dilma ao vivo, assim como a RedeTV!, que voltou a se destacar pelo dinamismo.

O canal exibiu pontos ignorados pelas rivais, mas de bom interesse, como o discurso dos petistas paulistas, incluindo o prefeito Fernando Haddad e informações sobre o estado de saúde do doleiro Alberto Youssef direto de Curitiba.

Somente o SBT, tal como em 2010, seguiu com sua programação normal enquanto a vencedora da eleição discursava. O canal exibiu um programete resumindo os resultados pouco depois da meia-noite.

Primeira entrevista

Em 2010, Dilma fez uma maratona e falou ao vivo com Adriana Araújo e Ana Paula Padrão no “Jornal da Record” para estar minutos depois no ar com William Bonner no “Jornal Nacional”. Todos os jornalistas se deslocaram para Brasília na ocasião.

Por enquanto, não há nenhuma informação sobre o procedimento para conceder a primeira exclusiva como reeleita. Pela voz falha após meses de campanha, existe até mesmo a possibilidade de “JN” e “JR” serem escanteados da agenda presidencial por hoje.
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Campanha agressiva mostra falta de rumo na utilização do horário eleitoral

Faltando três dias para o país decidir o seu próximo presidente após a mais acirrada eleição desde a redemocratização, é quase impossível resumir essa campanha de forma lógica como as anteriores.

Com uma tragédia e uma virada no meio do caminho, a eletrizante disputa tomou conta do noticiário subitamente com a tragédia aérea em Santos, ocorrida uma semana antes do início das propagandas obrigatórias no rádio e na televisão.

Por causa disso, praticamente todos os postulantes iniciaram suas trajetórias televisivas prestando homenagens para Eduardo Campos.

Em princípio, os presidenciáveis davam as caras ou vozes em dias alternados excluindo-se o domingo e dividiam tempo com os postulantes ao Legislativo e governos estaduais.

Durante o primeiro turno, apenas um direito de resposta foi concedido: a coligação de Dilma Rousseff tomou praticamente todo um programa do PSC, que tinha o pastor Everaldo como candidato.

Mas mesmo sem punições, teve destaque a união entre Dilma e Aécio Neves para a chamada desconstrução da candidata Marina Silva. Ambos os programas centraram suas armas na ex-ministra do Meio Ambiente em uma estratégia que se mostrou bem sucedida com a terceira colocação obtida por ela.

Ambos foram favorecidos por terem tempo bem superior ao de Marina, já que a distribuição feita pelo Tribunal Superior Eleitoral divide a fatia de televisão pelo número de vagas no Congresso dos partidos apoiadores, o que torna tão importante assim a agregação de legendas até mesmo de histórico duvidoso.

Agora, em pelo menos 10 estados, todo o tempo é de Dilma e Aécio. E em fatias iguais, como é regra no segundo turno. 10 minutos para cada. E se eles tinham uma inimiga em comum no primeiro turno, dessa vez se distanciaram completamente entre a disparada de ataques.

Tudo em rede nacional de rádio e televisão aberta duas vezes ao dia com dinheiro bancado por nossos impostos. Independentemente do que se ache sobre os métodos de governo dos candidatos, os de campanha se mostraram espantosos.

O jornal português Público, por exemplo, vê perigos até mesmo para governabilidade do próximo eleito graças ao clima exacerbado de divisão, que antes ficava restrito aos eventos de rua com militantes, mas dessa vez ganhou o palanque eletrônico.

No espaço financiado pelo dinheiro do povo, as propostas ficaram em segundo plano, concluiu em entrevista ao jornal O Globo o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Dias Toffoli.

O ministro segue a opinião da maioria da população. Segundo uma pesquisa do Datafolha, 71% dos brasileiros acham que o nível de agressividade foi além do normal.

Para o ministro, “Se tem tempo para ficar agredindo, ao invés de falar de proposta, é porque tem muito tempo sobrando. Para que seis semanas de horário eleitoral gratuito no primeiro turno e três semanas no segundo turno? (…) As pessoas assistem os primeiros ou os últimos. Acaba havendo um desgaste. E o custo disso? Os programas são feitos com recursos tecnológicos, pirotecnias. E a atividade do Congresso Nacional fica paralisada”.

Ou seja, pela primeira vez se há uma discussão real sobre a necessidade de paralisar as programações de rádios e TVs por meses, causando sérios prejuízos de audiência, sendo que boa parte dos eleitores ou tem o voto definido por tendências históricas ou deixa a decisão para a reta final.

Dias Toffoli ainda deixou claro que não existe uma censura e que a jurisprudência estabelecida é aplicada para todos os lados. “O horário eleitoral é pago pelo cidadão, e o cidadão não estava satisfeito com esse uso”, refletiu ele ao impresso carioca sobre as proibições feitas para diversas peças das duas coligações baseadas em ataques pessoais aos seus adversários.

Os 28 partidos com representação no Congresso Nacional, número recorde, certamente tentarão frear qualquer discussão mais avançada sobre o assunto. Afinal, está aí “A Voz do Brasil” nas rádios há décadas.

Caso isso realmente empaque e aguardemos inertes pela próxima batalha com discursos óbvios em 2018, perde o telespectador em meio ao tiroteio nada propositivo, perdem as emissoras, que mesmo compensadas financeiramente demoram a readequar o público com suas grades, e perdem telespectadores fisgados por outras plataformas e também a nossa jovem democracia.

Em tempo

Dilma Rousseff e Aécio Neves fazem hoje (24) à noite na Globo o último debate da campanha. Após o auge da baixaria nos confrontos da Band e do SBT e uma versão mais light de ambos na Record, fica o mistério sobre as cartadas para o duelo mais decisivo.

E antes que algum telespectador mais desatento se confunda, a Globo também transmite o UFC, porém somente amanhã após o “Altas Horas”. José Aldo defende o seu cinturão em luta realizada no Rio de Janeiro, mas no Maracanãzinho, não no Projac.

“Epidemia”

O problema de deturpação do uso original do caro e nobre horário eleitoral não é somente dos presidenciáveis.

O Rio de Janeiro, que detém a mais relevante campanha estadual desse segundo turno, chegou a ver edições inteiras de programas sem que o candidato da coligação aparecesse. Todo o tempo foi focado em ataques contra o adversário na ocasião.

E o tom não foi diferente no debate da Globo desta quinta-feira (23). A mediadora Ana Paula Araújo teve trabalho em tentar controlar, sem sucesso, os ânimos da plateia durante os confrontos mais acalorados entre Luiz Fernando Pezão e Marcelo Crivella.

Diante de tanto “fogo”, o alarme de incêndio tocou acidentalmente por três vezes. A apresentadora chegou a chamar um intervalo comercial para resolução do problema, mas nesse exato instante ele foi controlado.

Assim como muitas das falas e promessas feitas ao longo do debate, o alarme foi falso, como a própria Ana Paula ainda explicou ao dizer que estavam todos bem “nesse debate muito animado”.

 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o http://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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Emissoras passam pelo primeiro turno sem grandes equívocos

Campanhas eleitorais geram deslizes graves de emissoras, assim como também verdadeiras lendas urbanas. Em 2014, surpreendentemente, as TVs ficaram fora do foco de teorias conspiratórias sobre supostas parcialidades de seus grupos. Ao menos no primeiro turno.

Situação bem diferente de 1989, quando a edição do debate entre Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello exibida no “Jornal Nacional” do dia seguinte ao confronto gerou uma das maiores manchas do jornalismo global.

Desde então, a emissora tem por regra não reprisar momentos dos debates em seus telejornais, o que vem se repetindo nesto ano.

Recentemente, a Globo se viu no centro de polêmicas: em 2006, quando foi acusada de subdimensionar a cobertura do acidente aéreo do voo 1907 da Gol para mostrar denúncias de corrupção, e em 2010 de superdimensionar a atirada de uma bolinha de papel contra o então candidato José Serra.

Em 2014, a emissora passou sem grandes sobressaltos pelo período da primeira fase de disputa. As entrevistas de “Jornal Nacional”, “Jornal da Globo” e “Bom Dia Brasil” mantiveram o padrão de intensidade com todos os ouvidos, assim como não houve distorções de tempo entre os três primeiros colocados nos telejornais de rede. O mesmo pode ser aplicado para Record, que realizou entrevistas no “JR”.

Nas coberturas locais, a situação não foi radicalmente diferente, mas houve pontos de tensão. O evento que chamou mais atenção foi o processo feito pelo candidato Alexandre Padilha para que a Globo São Paulo o destacasse com a mesma periodicidade feita aos também postulantes ao Palácio dos Bandeirantes Geraldo Alckmin e Paulo Skaf mesmo quando ele tinha percentual de nanico nas pesquisas.

No Maranhão, a entrevista realizada com Flávio Dino, candidato do PCdoB, na TV Mirante, afiliada da Globo que pertence ao clã Sarney, chamou atenção por perguntas de tom despropositado sobre se ele pretende implantar o comunismo no estado.

Outras afiliadas que têm ligações com grupos políticos, como em Alagoas, Bahia e Rio Grande do Norte não tiveram problemas similares.

Enquanto isso, o entrevistado que roubou a atenção nas sabatinas do “RJTV”. Anthony Garotinho acusou a Globo de sonegar impostos, sendo prontamente respondido pela apresentadora Mariana Gross.

O deputado do PR ainda citou o apoio do canal aos militares no período da ditadura ao ser questionado sobre mudanças de postura entre seus tempos de governador e candidato.

Outra que ativou sua munição contra a Globo foi Luciana Genro, que reclamou do tempo escasso de TV, mas gastou alguns de seus programas no começo da disputa para criticar a empresa.

Dentre esses quatro casos citados, os mais competitivos são Dino, que lidera as pesquisas no Maranhão, tendo perspectiva de vencer no primeiro turno, e Garotinho, que duela com Marcelo Crivella por uma vaga no segundo turno no Rio de Janeiro.

Curiosamente, pode acabar sendo mais confortável para Globo receber o sobrinho de Edir Macedo, proprietário da Record. Contradições de tempos eleitorais…

 

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“Jornal da Record” teve melhor série de entrevistas com presidenciáveis

Celso Freitas e Adriana Araújo comandam o “Jornal da Record”

Além das tantas sabatinas realizadas por jornais e sites, quatro telejornais tiveram até agora uma sequência de entrevistas com os candidatos ao posto mais relevante da República.

“Jornal Nacional”, “Jornal das 10”, “Jornal da Globo” e “Jornal da Record” ouviram os principais candidatos. Ou quase todos. A presidente Dilma Rousseff ignorou o “J10” e o “JG”.

No caso do segundo, as perguntas que seriam feitas foram lidas no ar. Os apresentadores destacaram que foi a primeira ausência de um convidado para as conversas globais desde 2002, quando as rodadas se tornaram fixas.

Outra polêmica causada por Dilma é o local em que concedeu suas entrevistas: o Palácio da Alvorada. William Bonner, Patrícia Poeta, Adriana Araújo e Celso Freitas foram deslocados para capital federal quando ouviram a candidata a reeleição.

Globo

O “JN” realizou as primeiras entrevistas dentre as citadas e certamente as que mais repercutiram.

Muitos partidários de todos os candidatos reclamaram do tom agressivo dos apresentadores, como se esquecessem das três disputas mais recentes.

As perguntas foram bem elaboradas, mas as réplicas se mostraram ineficientes e alguns dos ouvidos praticamente discursaram quando não estavam nos embates com Bonner e Poeta.

A dupla do “Jornal da Globo” se saiu melhor na condução dos mais de 20 minutos intercalados com um break e gravados e foi muito bem para o perfil mais nichado da atração, com enfoque econômico.

O “Jornal das 10”, da Globo News foi o mais chapa-branca para todos, que tiveram questões mais leves colocadas em pauta por Renata lo Prete. Ele também exibiu as entrevistas gravadas.

Record

A única sabatina presidencial (além do debate) do grupo Record nesse primeiro turno foi a do “JR”. Talvez por isso tenha sido preciso apelar para encaixar uma questão de Heródoto Barbeiro (Record News) e outra da redação do portal da emissora.

As entrevistas do “Jornal da Record” foram também as mais curtas (12 minutos) e as únicas dentre as citadas que ouviram sete dos principais candidatos (todos que tem partidos representados na Câmara).

O tempo reduzido surpreendentemente não atrapalhou tanto. Seja por orientação prévia ou surto de bom senso, os candidatos se adaptaram e deram respostas mais sucintas.

Destacou-se também a firmeza dos firmes entrevistadores, astutos ao muitas vezes repetirem um questionamento base com outras palavras na busca pela melhor resposta.

Outro ponto louvável foi o bate-bola final ao melhor estilo Marília Gabriela com perguntas padrão para todos sobre temas como criminalização da homofobia e redução da maioridade penal.

No espaço dado aos extremistas nanicos, eles foram tratados com seriedade, embora muito teimassem em aproveitar a vitrine para uma espécie de apresentação.

O único grande revés foi a péssima qualidade da imagem de Brasília. Não fosse pelo selo de “ao vivo”, passaria fácil como de pelo menos quatro anos atrás.

Mas além dos detalhes técnicos, o triunfo de certa harmonia mesmo em momentos tensos deixa o “Jornal da Record” parcialmente com a série mais produtiva e possivelmente mais útil aos telespectadores indecisos.

 

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