
A prisão de José Maria Marin ao lado de outros dirigentes do futebol logo causou inúmeras agressões e xingamentos contra Marin.
De imediato vi gente do Governo Federal e até políticos dando razão às prisões e em especial, na relação de políticos, o Senador Romário apoiando os xingamentos com alguns de sua própria lavra.
José Maria Marin foi presidente, sim, da CBF, e suas contas foram aprovadas tendo a assinatura do atual presidente da CBF Marco Polo Del Nero.
Agora Del Nero vem a público declarar que não sabia de nada e assinou porque foi obrigado.
Fico espantado ao ver Del Nero, um senhor de setenta e poucos anos, com larga experiência na área do Direito, vasta experiência na área do futebol e apaixonado por iates de milhões de dólares, postar-se qual um jovem ingênuo.
Um experiente advogado, presidente de Federação de futebol não pode alegar desconhecer os bastidores do quer que seja no seu ramo.
Marco Polo Del Nero é o mesmo senhor que saiu correndo da Suíça, sem votar na FIFA, ato que era sua obrigação.
O mesmo Del Nero foi chamado de traíra pelo jornalista Ricardo Boechat em seu programa de rádio.
Ricardo Boechat inclusive afirma que Del Nero só virou presidente da CBF graças a Marin.
Bem feito para Marin que tinha Marco Polo como pessoa de confiança a ponto de torná-lo seu sucessor.
Vamos objetivamente entrar nas acusações contra José Maria Marin.
Primeiro vamos deixar claro que a CBF é uma confederação de caráter privado que não recebeu e não recebe um centavo sequer dos cofres públicos para prestar contas.
Acusam Marin de ter recebido suposta propina.
Ora, se por acaso propina houvesse, numa entidade particular, com negócios exclusivamente entre particulares, uma acusação de propina deveria sair de um dos lados e não de alguém que nada tenha a ver com a história.
De um lado temos uma Procuradora de Justiça americana que transformou uma modesta acusação em algo de repercussão política internacional.
A Procuradora dos Estados Unidos acusa Marin de ter recebido um dinheiro que é originário de uma empresa registrada e legalizada, em um negócio entre partes que nada tem de origem escusa.
A empresa que teria dado dinheiro a Marin é regularmente intermediadora de venda de direitos de transmissões esportivas.
Não existe lavagem de dinheiro de traficantes, não existe lavagem de dinheiro de terroristas e não existe lavagem de dinheiro de nenhuma organização criminosa.
Alguns podem até entender que houve recebimento de um dinheiro sem pagamento de imposto.
Mesmo assim, a empresa que pagou ou entregou dinheiro à Marin, já tinha pago seus impostos.
A maneira de atuação da Justiça americana foi política e teatral às vésperas de uma campanha presidencial.
Não preciso citar que o Senador Romário se aproveita da situação também por questões eleitorais.
Romário chuta qualquer eleição a sua frente, quer a prefeitura do Rio em 2016 ou ao Governo do Estado do Rio de Janeiro em 2018.
De repente, não mais do que de repente, as manchetes da famosa Lava Jato passaram ao segundo plano da mídia.
Dinheiro público desviado, campanhas milionárias, com doações duvidosas, empreiteiros denunciando que foram obrigados a dar dinheiro aos políticos, tudo isso, plenamente caracterizável como sendo crime de caráter público, passou a ter menos visibilidade do que uma manobra financeira feita por dirigentes da CBF sem nenhum dinheiro público envolvido e sem nenhuma denúncia de alguém que tenha se sentido prejudicado.
A Procuradora de Justiça americana declarar que o povo americano se sentiu prejudicado por uma doação de dois milhões de dólares relativa ao evento Copa do Brasil, é no mínimo estranho para não dizer descabido.
Resta saber se essa mesma Procuradora de Justiça americana terá atuação tão vigorosa contra os comandantes da Petrobrás e o dinheiro que os investidores americanos perderam na Bolsa.
Resta saber se essa mesma Procuradora de Justiça americana vai ser tão vigorosa denunciando Gabrielli, Graça Foster e Dilma Roussef.
Escrito por jamesakel@uol.com.br às 15h39 no dia 01/06/2015
Curtir isso:
Curtir Carregando...