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Apito inicial
Sem grandes novidades no âmbito da Operação Lava Jato, o mercado brasileiro calibra apostas para o futuro do juro nesta quinta-feira (9) em meio à piora do humor na cena externa.
O recado do Banco Central na última reunião do Copom sob o comando de Alexandre Tombini abre margem para redução de apostas de início do corte a Selic em julho. Por outro lado, a recente valorização do real frente ao dólar, que já toca a faixa de R$ 3,35, vem contribuindo para redução dos prêmios dos juros futuros, dado seu efeito benéfico na inflação dos importados.
Mesmo com a descida da moeda norte-americana, agora abaixo de R$ 3,40, a autoridade não anunciou nenhuma intervenção via swap cambiais reversos.
“A tendência de baixa no curto prazo permanece em função da consolidação da percepção que o Fed só vai promover uma alta de juros nos EUA, mais à frente, e pela sinalização dada pelo novo presidente do BC, Ilan Goldfajn, em sua sabatina no CAE nesta semana, que deu a entender que o dólar poderá flutuar livremente e ficar mais fraco para ajudar no controle da inflação, com menos interferência do BC no mercado cambial”, interpreta Jefferson Luiz Rugik, da Correparti.
No comunicado em que decidiu manter inalterado em juro em 14,25% ao ano, o BC afirma que “reconhece os avanços na política de combate à inflação”, mas destaca que a inflação elevada nos últimos 12 meses e a expectativa de inflação longe do centro da meta “não oferecem espaço para flexibilização da política monetária”.
A nomeação de Ilan Goldfajn como presidente do Banco Central foi publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União, bem como a exoneração do cargo de Alexandre Tombini.
No exterior, após ganhos recentes, os mercados passam por um ajuste de posições assimilando renovadas preocupações sobre a saúde da economia global diante de dados da China e do Japão. As bolsas internacionais recuam assim como os preços do petróleo.
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, pediu aos governos europeus para desempenhar o seu papel para impulsionar o crescimento e a inflação na região, alertando que a falta de reformas econômicas está tornando o trabalho do BCE mais difícil.
O poder e a economia
Novo delator – Segundo o jornal O Globo, o engenheiro Zwi Skornicki disse em delação que transferiu US$ 4,5 milhões para o marqueteiro do PT João Santana. O destino seria uma conta na Suíça e teria a finalidade de financiar a campanha da presidente afastada Dilma Rousseff em 2014, formando caixa dois. A negociação também teria contado com a participação de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT.
Selic – O Copom do BC (Comitê de Política Monetária do Banco Central) deciciu manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano sem viés, por unanimidade. Esta foi a última reunião do comitê sob a presidência de Alexandre Tombini, que será substituído por Ilan Goldfajn.
DRU – O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, em segundo turno, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que recria de 2016 a 2023 a Desvinculação de Receitas da União (DRU), mecanismo que permite ao governo usar livremente 30 por cento dos recursos arrecadados com impostos e contribuições sociais e econômicas federais.
Inflação – Com maior pressão no atacado, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) acelerou a alta a 1,12% o na primeira prévia de junho, contra 0,59% no mesmo período de apuração do mês anterior, divulgou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quinta-feira.
Ministério – De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a secretária de Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão Costa, está sendo cotada para o Ministério do Planejamento.
Teto de vidro –Segundo reportagem de O Globo, a tão elogiada proposta para estabelecer um teto para a dívida pública brasileira não será exatamente como o mercado pensava. A equipe econômica admite que o limite para os gastos terá um caráter temporário. A avaliação é de que um teto de verdade seria muito difícil passar no Congresso. Vamos com o de vidro.
Maconha – Um estudo elaborado pela Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados – e obtido por O Globo – mostra que a legalização da maconha movimentaria em torno de R$ 5,7 bilhões em comércio. Segundo a reportagem, além disso, a arrecadação tributária poderia ficar em R$ 5 bilhões. Os cálculos consideram os termos usados na regularização do uso feita no Uruguai. E, por fim, como mais um argumento lógico para a legalização, o estudo aponta que R$ 997,3 milhões seriam economizados no sistema prisional.
Calote – Além das pedaladas fiscais, o governo Dilma Rousseff deu um calote em R$ 2,7 bilhõesem tarifas bancárias que a União deixou de pagar para a Caixa (R$ 1,7 bilhão) e Banco do Brasil (R$ 1 bilhão) por prestação de serviço em programas como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida. Segundo O Globo, o TCU identificou R$ 8,8 bilhões – dos quais o valor das tarifas faz parte – que são, na verdade, despesas e não operações de crédito. O pagamento do valor foi incluído na meta fiscal de 2016 pelo novo governo.
Nova secretaria – Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a equipe do presidente interino Michel Temer pretende criar uma Secretaria de Estatais. O órgão seria vinculado ao Ministério do Planejamento e teria o objetivo de implantar um sistema de controle interno das empresas públicas, com comitês de auditoria. O anúncio poderá ser feito já nessa sexta-feira.
A culpa é de quem? – O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) irá decidir hoje se separa as responsabilidades do presidente interino Michel Temer e da presidente afastada Dilma Rousseff no processo que pede a cassação da chapa formada pelos dois. A defesa de Temer entrou com um recurso, alegando que ele não pode ser responsabilizado por atos do PT e de Dilma. A informação é do jornal Valor Econômico.
Teori manda – O ministro do STF (Superior Tribunal Federal) Teori Zavascki deve decidir sozinho sobre os pedidos de prisão da PGR (Procuradoria-Geral da República) do presidente do Senado, Renan Calheiros, o senador Romero Jucá, o deputado Eduardo Cunha e o ex-presidente José Sarney. Só depois Teori levaria o assunto ao plenário da corte. Foi assim que ele agiu quando o ex-senador Delcídio Amaral foi preso. A informação é do jornal O Globo.
O que acontece no mundo corporativo
Fusão – O Banco do Brasil disse nesta quinta-feira (9) que não há qualquer tratativa sobre um processo de fusão com a Caixa Econômica Federal, após questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em referência a uma notícia publicada pelo jornal Correio Braziliense.
Dívidas – O gigantismo da dívida da Petrobras, que beira o meio trilhão de reais, respinga também sobre os bancos públicos. Segundo um levantamento do Valor, no final do primeiro trimestre, o montante chegava a R$ 91,760 bilhões. A maior bomba está nas mãos do BNDES: R$ 55 bilhões – 50% do patrimônio do banco. O BB tem R$ 25,116 a receber e, a Caixa (cujo principal negócio é o imobiliário), tem outros R$ 11,574 bilhões destinados para o setor de petróleo.
Matemática aplicada – O grupo britânico Pearsonavalia novas aquisições no Brasil e não descarta a compra de faculdades ou colégios, em um momento em que a consolidação do setor educacional ganha força com as propostas de Kroton e Ser Educacional pela Estácio Participações.
Correios – O represamento de tarifas e serviços nos últimos anos, com o objetivo de controlar a inflação, levou a um rombo bilionário nos Correios, o que deve obrigar a empresa a realizar empréstimos para pagar os salários de empregas e outros compromissos. Segundo o Estadão, o prejuízo de 2015 alcança R$ 2,1 bilhões e, neste ano até maio, o valor já chega a R$ 700 milhões. Apesar de um aumento de 8,89% das tarifas no ano passado, há ainda uma defasagem de 8%, o que retira R$ 40 milhões do caixa todos os meses.
Já pode beijar a noiva – O Cade aprovou a aquisição das operações do HSBC no Brasil pelo Bradesco. Entre as restrições impostas pelo órgão antitruste, está a proibição de novas compras por 30 meses. Anunciado em agosto do ano passado, o negócio foi fechado por US$ 5,2 bilhões. O Bradesco informou que o próximo passo é a conclusão, prevista para o começo de julho.
Imóvel – Os investimentos da América Móvil Brasilpodem cair de 10% a 20% esse ano dependendo do ritmo da economia no segundo semestre, de acordo com o presidente do grupo no país, José Félix, que estima retomada da atividade econômica em 2017.
Sem caixa – A intensificação da recessão brasileira amplia os riscos de a Caixa Econômica Federal não conseguir fazer provisões suficientes para cobrir perdas crescentes com calotes,ampliando a pressão sobre os índices de capitalização do banco estatal, segundo a agência de classificação de risco Moody’s.
Olho do dono – Uma unidade da Odebrechtnão recebeu um empréstimo sindicalizado de US$ 4,1 bilhões esperado para financiar um projeto estratégico na América Latina, segundo a Bloomberg. Trata-se de mais um desdobramento da prisão de Marcelo Odebrecht pela Lava Jato.
Nos trilhos – A Valeinformou o financiamento do Corredor Logístico de Nacala, em Moçambique (África) avançou, com a aprovação dos termos e condições gerais da transação por ministros daquele país, mas destacou que operação não está concluída.
Cofrinho – O Banrisulvai distribuir R$ 76,8 milhões como juros sobre capital próprio. O pagamento ocorrerá em 30 de junho, com base na posição de cada acionista em 13 de junho.
Comprar ou vender?
Sem papo – O banco de investimentos norte-americano Morgan Stanley está evitando recomendara exposição ao setor bancário brasileiro. A explicação, segundo um relatório publicado hoje, está no efeito da recessão econômica e do rápido crescimento do desemprego sobre os lucros dos bancos.
Compra – A Vale (VALE5) irá enfrentar percalços no curto prazo e um preço menor do minério de ferro, ainda assim a mineradora tem força para driblar as dificuldades e entregar um retorno positivo ao acionista no longo prazo. Essa é a visão do Bradesco, que recomenda a compra das ações. O analista Aloisio Villeth Lemos, contudo, cortou o preço-alvo de R$ 19 para R$ 17 para refletir a menor projeção para o preço do minério de ferro, que caiu de US$ 55 por tonelada para US$ 45. O potencial de valorização em relação ao preço da Bolsa é de 30%.
Marisa – A Lojas Marisa (AMAR3) deixou de ter membros da família fundadora em sua gestão. Márcio Goldfarb deixou o cargo de CEO para ocupar a liderança do Conselho de Administração para ser substituído por Marcelo Araujo, ex-Natura e Shell. O mercado aplaudiu a decisão, mas não vê isso como uma mudança na estratégia de longo prazo. “Além disso, acreditamos que o novo CEO poderia fortalecer a mentalidade focada em retorno e gerenciamento do capital de giro que a companhia implementou no ano passado”, avalia o banco Brasil Plural. A recomendação para as ações continua em abaixo da média do mercado.
Natura – O Deutsche Bank elevou a recomendação para as ações da Natura de venda para manutenção. O preço-alvo, contudo, caiu de R$ 26 para R$ 24. Segundo o analista Marcel Moraes, apesar do forte crescimento e ganhos de eficiência das operações internacionais, a empresa não tem conseguido simplificar os gastos com vendas e administrativas como o esperado.
Para comentar mais tarde
Queda das importações encarece frete das exportações, diz diretor da Maersk. A queda das importações é saudada pelo governo e por muitos economistas como uma importante ajuda na missão de reequilibrar as contas públicas e tirar o Brasil da atual recessão. Mas esse recuo causa um efeito colateral indesejado que, no limite, atrapalha o comércio internacional do país: o aumento dos fretes para as exportações brasileiras. Leia mais na reportagem de Márcio Juliboni, de O Financista.