Jornal Nacional comete gafe mundial na cobertura de atentado na França

O jornalista André Luiz Azevedo mostra capa do Charlie Hebdo de 2011 como sendo edição inédita
Por DANIEL CASTRO, em 10/01/2015 · Atualizado às 20h44

[Texto originalmente publicado às 17h20]

O Jornal Nacional de sexta-feira (9) deu uma “barrigada” internacional. O telejornal destacou na escalada uma reportagem sobre a suposta primeira capa do semanário francês Charlie Hebdo após o ataque terrorista da última quarta-feira, que deixou 12 mortos. Correspondente em Lisboa deslocado para Paris, André Luiz Azevedo exibiu um pôster daquela que seria a próxima capa do jornal, a circular na semana que vem. O pôster que ele segurava nas mãos, no entanto, era de uma capa do Charlie Hebdo de 3 de novembro de 2011.

Azevedo cobriu o primeiro dia de trabalho dos “sobreviventes” do ataque. Eles estão trabalhando na sede do jornal Libération. Executivos do Libération e do Charlie Hebdo falaram com jornalistas do mundo todo. Azevedo estava lá. “E por causa do lugar em que eu estava, no centro da Redação, acabei recebendo a tarefa de mostrar para os colegas a nova capa. Com o humor de sempre, os chargistas brincam: é preciso salvar o Charlie”, disse o correspondente da Globo segurando a capa da edição de 2011.

A confusão ocorreu porque em 2011 o Charlie Hebdo teve sua sede atingida por bombas incendiárias e, como agora, foi socorrido pelo Libération. Na época, foi publicada uma edição histórica, com o logotipo dos dois veículos.

Na página do Jornal Nacional no portal G1, a Globo admitiu o erro ainda na noite de sexta-feira e pediu desculpas. “Correção: Na edição desta sexta-feira, nós mostramos uma capa como sendo a da próxima ediçao do jornal Charlie Hebdo, que circulará na semana que vem na França, com um milhão de exemplares. Na verdade, essa é a capa de uma edição histórica feita em 2011 depois de outro ataque ao Charlie Hebdo, quando o jornal, como agora, foi também editado no Libération. Daí a confusão, pela qual pedimos desculpas”, publicou a emissora.

Na edição deste sábado do JN, o próprio André Luiz Azevedo corrigiu o erro e também pediu desculpas.

Capa do Charlie Hebdo exibida no Libération; no destaque, a data de 3 de novembro de 2011

 

Sequestros na França terminam com 3 terroristas e 4 reféns mortos

Suspeitos do ataque ao ‘Charlie Hebdo’ mantinham refém em empresa.
Em Paris, homem que matou policial mantinha clientes em mercado.

Operações policiais simultâneas encerraram nesta sexta-feira (9), por volta das 17h (14h em Brasília) dois sequestros que estavam em andamento na França. Os irmãos Kouachi, suspeitos do massacre no jornal “Charlie Hebdo”, e Amedy Coulibaly, um sequestrador que mantinha reféns em um mercado em Paris, morreram.

Os dois supostos autores do atentado ao jornal se entrincheiraram nesta sexta-feira (9) com um refém em uma pequena empresa em Dammartin-en-Goële, a 40 km de Paris, após um tiroteio com as forças de segurança. Eles acabaram mortos cerca de 50 horas após matarem 12 pessoas na ação na sede do semanário de humor parisiense.

No mercado judaico de Porte de Vincennes, alguns reféns foram libertados com vida, mas quatro reféns que eram mantidos por Amedy Coulibaly morreram. Coulibaly é suspeito de ter matado uma policial na véspera e que afirmou estar “sincronizado” com os suspeitos do ataque ao jornal “Charlie Hebdo”.

Hayat Boumeddiene (Foto: Reuters)
Hayat Boumeddiene (Foto: Reuters)

Além disso, três policiais ficaram feridos na operação em Vincennes, e outro ficou ferido em Dammartin-en-Goële, de acordo com os jornais locais.

A polícia procura agora uma mulher de 26 anos, Hayat Boumeddiene, por associação com Amedy Coulibaly, o sequestrador que foi morto no mercado de Vincennes. O “Le Monde” afirma que Boumeddiene não estava presente no sequestro.

Boumeddine, que Boumedienne se relacionava com Coulibaly desde 2010, é considerada suspeita, junto com seu parceiro, da morte a tiros da policial Clarissa Jean-Phillipe na quinta-feira (8). O jornal francês diz .

Em mensagem de áudio à TV BMFTV, Coulibaly disse que estava “sincronizado” com os suspeitos do ataque ao “Charlie Hebdo”. Empronunciamento nacional após a ação policial, o presidente francês, François Hollande, disse que a França conseguiu enfrentar o atentado terrorista, mas que as ameaças ao país não terminaram.

Como começou
O ataque ao jornal aconteceu na manhã de quarta-feira (7) na sede do jornal, que já havia sido alvo de um ataque no passado após publicar uma caricatura do profeta Maomé.

Diversos reféns são retirados pela polícia de mercado kosher em Paris (Foto: Thomas Samson/AFP)
Diversos reféns são retirados pela polícia de mercado kosher em Paris (Foto: Thomas Samson/AFP)
Amedy Coulibaly (Foto: Reprodução)
Amedy Coulibaly (Foto: Reprodução)

 

Os dois supostos autores do massacre fizeram um refém em uma pequena empresa a 40 km de Paris, após um tiroteio com as forças de segurança.

A busca pelos suspeitos passou antes pelas regiões de Villers-Cottêrets, onde os suspeitos foram vistos, e Crépy-em-Valois, antes de ser direcionada a Dammartin-en-Goële. Incidentes localizados foram reportados em Paris na quarta e quinta-feira, incluindo a morte de uma policial em Montrouge. Essa policial teria sido morto por Amedy Coulibaly.

Chérif Kouachi e Said Kouachi, suspeitos do ataque à revista 'Charlie Hebdo'  (Foto: Reuters)
Chérif Kouachi e Said Kouachi, suspeitos do ataque à revista ‘Charlie Hebdo’ (Foto: Reuters)

Os dois irmãos franceses filhos de argelinos já estavam sob observação da polícia. Chérif foi condenado em 2008 a três anos de detenção por acusações de terrorismo (dos quais cumpriu 18 meses), após ajudar a enviar voluntários para lutar no Iraque.

Em seu julgamento, ele disse à corte que “realmente acreditava” na ideia de combater as forças aliadas aos EUA no Iraque. Na época, ele alegou que havia ficado revoltado ao ver imagens na TV de prisioneiros iraquianos sendo torturados por norte-americanos na prisão de Abu Ghraib.

Said Kouachi visitou o Iêmen em 2011 e se encontrou com o pregador da rede Al-Qaeda Anwar al Awlaki, que está morto, durante sua estadia no país.

Outro suspeito, Hamyd Mourad, de 18 anos, se apresentou à polícia na quarta-feira em Charleville-Mézières.

Pessoa ferida na sede da revista satírica 'Charlie Hebdo', em Paris, é socorrida após ataque a tiros deixar mais de 10 mortos e vários feridos (Foto: Philippe Dupeyrat/AFP)
Pessoa ferida na sede da revista satírica ‘Charlie Hebdo’, em Paris, é socorrida após ataque a tiros deixar mais de 10 mortos e vários feridos (Foto: Philippe Dupeyrat/AFP)

Tiros na redação
Os atiradores encapuzados invadiram a redação do “Charlie Hebdo” por volta das 11h30 locais (8h30 de Brasília) de quarta-feira. Eles teriam ameaçado de morte a cartunista Corinne Rey para liberar o acesso ao prédio. Ela contou ao jornal “l’Humanite” que sobreviveu ao se esconder debaixo de uma mesa.

Corinne relatou que a ação durou cerca de 5 minutos. Os terroristas estavam armados com rifles russos Kalashnikov, segundo o jornal “The Guardian”. Eles falavam francês fluentemente e perguntavam por algumas pessoas pelos nomes, antes de matá-las. Os criminosos gritaram “Vingamos o Profeta!”, em referência a Maomé.

Religiosos eram alvos preferenciais das sátiras e críticas do “Charlie Hebdo”, assim como políticos e empresários.

O momento da fuga foi registrado por um cinegrafista amador que estava num prédio ao lado. O vídeo mostra os terroristas atirando a queima roupa no segurança Ahmed Merabet, mesmo ele fazendo gesto suplicando para não morrer.

Na sequência, eles entram num carro preto. Durante a fuga, bateram em outro carro, abandonaram o veículo, renderam um motorista e seguiram em direção ao norte de Paris, segundo o promotor de justiça François Molins.

As vítimas do ataque ao jornal são: o editor e cartunista Stéphane Charbonnier (conhecido como Charb), os cartunistas Wolinski, Jean Cabu e Bernard Verlhac (conhecido como Tignous), o desenhista Phillippe Honoré, o economista e vice-editor Bernard Maris, o revisor Mustapha Ourad e a psicanalista Elsa Cayat, que escrevia uma coluna quinzenal.

As demais vítimas são o policial Franck Brinsolaro, morto dentro da redação, o agente Ahmed Merabet, morto na rua durante a fuga dos atiradores, o funcionário da Sodexo que trabalhava no prédio Frédéric Boisseau, e um visitante da redação, Michel Renaud.

Outras 11 pessoas ficaram feridas. Entre elas, estaria o jornalista Philippe Lançon, crítico literário do jornal “Libération” e que também escreve ao “Charlie Hebdo”.

O jornal
O “Charlie Hebdo” tem sido ameaçado desde que publicou charges do profeta Maomé em 2006. A sede foi alvo de um ataque a bomba em novembro de 2011, após colocar uma imagem satírica do profeta Maomé em sua capa.

Ilustração mais recente de Charb, morto no ataque à revista Charlie Hebdo (Foto: Reprodução/Twitter)
Última charge de Charb (Foto: Reprodução/Twitter)

A última charge do cartunista e editor Stéphane Charbonnier, publicada na última quarta-feira (31/12) com o título “Ainda não houve ataques na França”, mostra um militante islâmico dizendo: “Espere! Ainda temos até o fim de janeiro para apresentar nossos votos”, em uma alusão aos desejos de Ano Novo.

Outra coincidência é que a revista fez a divulgação em sua edição desta quarta-feira do novo romance do controvertido escritor Michel Houellebecq, um dos mais famosos autores franceses no exterior. A obra de ficção política fala de uma França islamizada em 2022, depois da eleição de um presidente da República muçulmano.

“As previsões do mago Houellebecq: em 2015, perco meus dentes… Em 2022, faço o Ramadã!”, ironiza a publicação junto a uma charge de Houellebecq.

 

G1

Flávio Ricco elogia a cobertura da Rede Bandeirantes sobre o atentado contra o Charlie Hebdo

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Enquanto algumas emissoras se viram completamente perdidas na cobertura do atentado de quarta-feira, a Band em Paris, com a correspondente Sonia Blota, foi simplesmente perfeita.
Em vez de um estudo antropológico sobre as culturas diversas, ela apenas se limitou aos fatos. Se preocupou apenas em passar todas as informações necessárias e possíveis. Simples assim.
Flávio Ricco com colaboração de José Carlos Nery

James Akel comenta pronunciamento de Dilma sobre o atentado contra a Charlie Hebdo

Dilminha fez pronunciamento de espanto em relação ao atentado de Paris mas fez carinha que quem provou doce de leite quando atentaram contra a revista Veja na cidade.


Escrito por jamesakel@uol.com.br às 13h18 no dia 08/01/2015

 

James Akel comenta o que Elpídio Reali Júnior faria se testemunhasse os assassinatos no Charlie Hebdo

Neste momento em que os terroristas islâmicos fazem Paris de palco de suas mazelas sentimos falta do grande Reali Jr, o mais francês dos jornalistas brasileiros, que com suas palavras mágicas e seu carisma transmitiam aos brasileiros tudo que ali acontecia fazendo com que os brasileiros se sentissem na França e vivessem os fatos igual lá estivessem.

Nosso beijo ao Reali Jr que continua em espírito nas margens do Sena pela eternidade.

 

Escrito por jamesakel@uol.com.br às 09h01 no dia 08/01/2014