O estranho não é Champions no Esporte Interativo, é ESPN sem Champions

O estranho não é Champions no Esporte Interativo, é ESPN sem Champions

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Escrevo este texto logo após a finalíssima da UEFA Champions League, entre Juventus e Barcelona, vencida pelo time catalão. Assisti pela ESPN Brasil, que depois de 20 anos deixa de exibir a principal competição europeia, que era seu principal evento.

O negócio da ESPN com a Champions não é simplesmente uma transmissão de campeonato, é algo que já estava ligado ao canal. 20 anos não são 20 dias. E nos últimos tempos, a Champions League ganhou uma importância imensa, chegando até na Globo.

O problema é que na ESPN era diferente. A cobertura era, de fato, diferenciada. Pré e pós-jogo, reportagens especiais, comentaristas, equipe in loco, transmissão no cinema, dentre outras coisas.

A ESPN fez um know-how tão bem feito nesses 20 anos com Champions, que a missão do Esporte Interativo é extremamente complicada.

E este é o ponto que quero chegar. Não vai ser estranho ver a Champions no E+I. Ela tem o seu estilo escrachado e divertido, mas com seriedade, e transmite a Champions desde 2009, com as famosas “Terças de Liga”. Já é um canal identificado – e muito – com a competição.

Mas a ESPN Brasil sem Champions, guardadas as devidas proporções, é como ver a Globo sem a sua novela das 21h, ou ver Xuxa na Record. É sim estranho, e vai demorar um pouco para o fã que acompanha há tempos na ESPN se acostumar. Mas eu confio no potencial do Esporte Interativo, e acho sim que o pessoal, ainda mais agora com o aparto financeiro da Turner, vai fazer uma cobertura muito boa.


André Henning é o principal narrador do Esporte Interativo

Não sei se será algo “à la” ESPN. Na verdade, acho difícil. São estilos totalmente diferentes de apresentar futebol e entretenimento. Mas não se pode duvidar do Esporte Interativo.

No mais, é isso: muito obrigado, ESPN. Oi, Esporte Interativo. Não nos decepcione.


Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, além da coluna “Antenado”, assinada todos os sábados, é responsável pelo “Documento NT” e outras reportagens. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

 

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Tratamento de grandes operadoras ao Esporte Interativo beira o ridículo

Tratamento de grandes operadoras ao Esporte Interativo beira o ridículo

 

Nos últimos seis meses, inegavelmente, o Esporte Interativo foi o canal esportivo que mais teve evidência no noticiário televisivo por suas grandes conquistas.

Só nos últimos tempos, foram compra exclusiva pelos próximos três anos da UEFA Champions League, aquisição total das ações dele pela Turner – esta noticiada em primeira-mão pelo NaTelinha -, grande audiência da Copa do Nordeste e a volta para a GVT, que ouviu o seu assinante e colocou seus canais no line-up.

O E+I movimentou muito o mercado e esperava-se que tivesse uma entrada maior a partir de então. Eis que chega a notícia de que ele sairá da Claro TV, hoje controlada pela Telmex, a mesma controladora da Net. É inegável que hoje, o Esporte Interativo tem um absurdo apelo junto ao telespectador brasileiro, não só pelos eventos que tem, mas pela qualidade.

Deixá-la fora dos pacotes principais, ainda mais com o que vai vir pelo futuro, é um disparate, um desrespeito ao assinante, que paga caro por um serviço que às vezes não é bom. Até onde se tem notícia, o Esporte Interativo é o canal mais pedido pelo público nas duas principais operadoras do país.

E o jogo é simples: se o cara paga, ele pode escolher o que vai ver. Ele tem o direito de escolher o que vai assistir. Não é favor, é obrigação das operadoras carregar. Ainda mais se você considerar que alguns canais na TV paga são praticamente inúteis.

Por que não carregar o canal mais pedido? Tudo bem que existe negociação e elas são complicadas, mas falta também boa vontade.

O tratamento que as operadoras fazem ao eco do telespectador em relação ao Esporte Interativo beira o ridículo. Em 2015, um canal com a influência do E+I, ficar fora dos principais pacotes das principais operadoras do país é ridículo, deplorável e tosco com o cidadão que faz das tripas coração para ter TV por assinatura.
Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, além da coluna “Antenado”, assinada todos os sábados, é responsável pelo “Documento NT” e outras reportagens. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

 

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O que o SBT quer para 2015? Ainda busco entender

O que o SBT quer para 2015? Ainda busco entender

Na última quinta-feira (05), Xuxa Meneghel foi oficialmente anunciada como nova contratada da Record. Bom, desta vez não falarei sobre como essa chegada irá impactar a emissora ou algo do tipo. Escreverei agora sobre uma variação disso.

Depois da apresentação da loira na Record, Marcelo Rezende disse, em clara referência ao SBT: “Só vejo nós e a Globo nos movimentando. A Globo porque está comemorando seus 375 anos e a Record porque tá movimentando o mercado, tentando, buscando gente nova para elevar sua qualidade, sua audiência”.

Pior que, pouco depois, começou uma discussão no Twitter, dizendo que ele teria pegado pesado. Mas espera: Rezende realmente tem razão. De fato, neste início de ano, Globo e Record se movimentam mais, e a Band, juntamente com a Gazeta (quem diria, a Gazeta se movimentando mais que o SBT…), ficaram no segundo escalão. Até a RedeTV! fez algumas contratações pontuais pra essa temporada.

Não estou dizendo para o SBT torrar tubos de dinheiro, lógico que não. Não sou louco. Mas vamos analisar friamente: qual a grande acerto para 2015 do canal até agora? Trazer o “Bob Esponja”. Fora isso, além de mais uma novela infantil – “Cúmplices de um Resgate” – e o seriado “A Garota da Moto”, que é uma co-produção, nada mais para 2015.

E eu falo novidade, porque não considero reprises de “Maria Esperança”, “A Usurpadora” e “Carrossel” como novidades. Talvez no canal Viva fossem. O SBT precisa fazer algo pontual, pelo menos, para resolver seus sábados à noite, por exemplo. Ficar dependendo de filmes, enquanto todas as outras colocam programas de auditório inéditos no ar chega a ser estranho, ainda mais porque o SBT teve, naquele horário, programas consagrados como o “Viva a Noite”, pioneiro no programa de auditório aos sábados à noite.

Sinceramente, não sei qual é a ambição do SBT para este ano. Tentar-se manter competitivo pela vice, provavelmente. Mas a falta de movimentação do canal, até pra resolver problemas específicos, chama a atenção, no sentido ruim.

Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, além da coluna “Antenado”, assinada todos os sábados, é responsável pelo “Documento NT” e outras reportagens. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

 

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“The Bachelor” mostra que formatos de namoro podem ter morrido na TV aberta

Programas de namoro existem desde que mundo é mundo e, consequentemente, desde que a TV brasileira tinha como principal atração o “Repórter Esso”, lá na pioneira, falecida e saudosa TV Tupi.

O “Namoro na TV”, de Silvio Santos, deve ser o mais conhecido do gênero. Porém, nos últimos anos é totalmente notável o esgotamento da fórmula na televisão. É só ver que a tentativa anterior, o “Me Leva Contigo”, da Record, foi um fracasso retumbante. Alguns falarão: “Ué, mas e o ‘Vai dar Namoro’, do Rodrigo Faro?”. Convenhamos, apenas a dancinha era engraçada no início, o quadro nem era isso tudo.

Justamente pelos recentes fracassos, quando foi anunciado sua estreia, questionei bastante se o reality “The Bachelor”, da RedeTV!, faria sucesso. Talvez se fosse trash, ou não se levasse à sério, o programa iria bem nas redes sociais.

O vi em vários momentos durante sua trajetória e tive a impressão do programa se levar muito à sério. Além disso, o “bachelor” do título, o italiano Gianluca Perino (abaixo/esquerda), não tinha um grande carisma e isso provavelmente afastou o público.

A qualidade técnica, ou a falta dela no caso, também prejudicou o reality. Muitos takes tinham ares de amador e em algumas brigas do programa, não senti uma veracidade emocional. Não sei porque tive essa impressão, talvez esteja vendo “Teste de Fidelidade” demais e ache que tudo é armado na RedeTV!.

De ponto positivo, gostava da apresentação do Fábio Arruda (acima/direita). Foi correta, sem grandes surpresas, deixando claro que a estrela era o programa, não o apresentador.

A final da atração (caso você não saiba) foi ao ar nesta sexta (20), sendo praticamente ignorada nas redes sociais. Não é para menos: “The Bachelor” não foi para o lado trash e ainda é baseado num formato totalmente esgotado no Brasil. Gianluca escolheu ficar com a pretendente Aane.

Diante dos evidentes fracassos dos programas de namoro no nosso país, não vejo muita perspectiva para eles. “The Bachelor” pode ter colocado a areia que faltava. Se você pretendia arrumar namorado na televisão, desista. Isso não vai acontecer tão cedo.
Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, além da coluna “Antenado”, assinada todos os sábados, é responsável pelo “Documento NT” e outras reportagens. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

 

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O que acontece com o programa “Hoje em Dia”?

Antenado

O que acontece com o programa "Hoje em Dia"?

Divulgação/TV Record

No início deste ano, uma das grande expectativas do mercado e de todos os fãs de televisão, era ver a renovação no time do “Hoje em Dia“, da Record. Saíram Celso Zucatelli, Edu Guedes e Chris Flores; entraram César Filho, Ana Hickmann e Renata Alves.

Em números, o programa começou bem: no primeiro dia (12 de janeiro), chegou a pico de 9 pontos e liderou por vários momentos. Com o tempo, esse número se mostrou fogo de palha ou cavalo paraguaio, como queiram.

81% dos confrontos foram perdidos para o SBT, e anti-picos de 2 pontos no Ibope da Grande São Paulo aconteceram, fazendo a Record perder até para o “Jogo Aberto”, da Band. Bom, estes índices provam que o programa não vai só mal por quem está no video, e sim o conteúdo bem mais ou menos que beira o “Hoje em Dia” faz algum tempo. Quadros genéricos, pautas – principalmente as femininas – que sempre se repetem, bloco de noticias no tempo totalmente errado. Isso é problema da direção e precisa ser resolvido.

Mas falando do novo casting de apresentadores, ainda não me agradou também. César Filho é bom, com voz e dicção perfeitas, mas ele tem alguns vícios que me chateiam – isso é meu, subjetivo, pessoal -, como fazer algumas filosofias quando matérias mais fortes são levadas ao ar. Fora que o atual bloco de notícias do “Hoje em Dia” é igual ao que ele fazia no “Notícias da Manhã”, do SBT, o que dá uma cara de cópia mal feita.

Já Ana Hickmann tem classe, beleza, mas não tem naturalidade. Ela é uma boa profissional e ponto, não fora do comum como a Record vende muitas vezes. Já Renata Alves é uma excelente repórter de entretenimento. Veja, escrevi repórter, não apresentadora. Mas dou um alívio para ela, já que nunca apresentou nada na sua carreira. É a única que dou tempo ao tempo.

O “Hoje em Dia” perdeu um pouco de sua identidade inicial. O que exatamente acontece com o programa que, queriam ou não, deu uma grande mudança nas manhãs da TV brasileira? Desgaste de pautas, quadros repetitivos e apresentadores atuais que não tem um carisma e entrosamento grande.

É esperar para ver as outras disputas, mas o quadro é preocupante.
Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, além da coluna “Antenado”, assinada todos os sábados, é responsável pelo “Documento NT” e outras reportagens. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

 

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A genialidade de Benedito Ruy Barbosa e Luiz Fernando Carvalho

Eu sou fã de Benedito Ruy Barbosa. E confesso: a melhor novela que vi na vida – e isso é subjetivo, pessoal – foi “Pantanal”. José Leôncio, personagem principal da trama, deve ser o personagem mais rico que já vi. Mas não é sobre ela que vou falar aqui neste texto.

Eu sempre ouvi falar muito bem de “O Rei do Gado“, mas todas as vezes que ela era exibida na televisão, alguma coisa me impossibilitava de acompanhar com calma. Por sorte, a Globo a escolheu para reprisar em comemoração de seus 50 anos, e agora estou conseguindo acompanhar a trama.

A primeira fase chegou ao fim nesta sexta-feira (23) e eu gostaria de fazer algumas considerações. As pessoas me contavam que o forte da novela era o texto e a direção geniais. E de fato, tinham razão. Benedito estava absolutamente inspirado quando escreveu a premissa e os primeiros capítulos, dando bem o exagero da rixa entre os Mezenga e os Berdinazzi.

Já a direção de Luiz Fernando Carvalho, absolutamente cinematográfica, dá o tom correto e ousa. A cena da morte de Antônio Mezenga (Antônio Fagundes) foi uma das melhores da minha vida. Tensão, drama, emoção em doses homeopáticas. Não tem como não se emocionar no fim.

Também me chamou a atenção como a primeira fase de “O Rei” mostrava novatos na época, que atuam até hoje. Leonardo Brício, hoje na Record, está muito bem como Henrico. Caco Ciocler mostra todo o ódio e dubiedade que Jeremias Berdinazzi pedia. Eva Wilma em outro papel sensacional – e antes da famosa Maria Altiva, de “A Indomada” -, e por fim, Vera Fischer. Muita gente da nova geração acha Vera uma atriz fraca, se guiando muito por papéis ensossos dela recentes, como em “Salve Jorge”, onde ela só ficava sentada. Nada disso. A atriz é bem mais que isso e “O Rei do Gado” mostra toda a versatilidade dela. Bem dirigida e com um papel cheio de possibilidades, Vera arrasa.

Logicamente, este é um panorama da primeira fase. Não sei como será o restante da novela, que é longa. Mas a conclusão já pode ser tomada: a dupla Benedito Ruy Barbosa e Luiz Fernando Carvalho é realmente genial. A reprise de “O Rei do Gado” confirma o que a recente “Meu Pedacinho de Chão” já havia deixado no ar.
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Por que o cinema brasileiro não consegue produzir comédias de qualidade?

Primeira coluna de 2015, a primeira também depois das férias. Durante este período, aproveitei para ver filmes. Muitos filmes. Dos mais variados gêneros, tipos, etc.

Provavelmente, vi mais filmes de comédia neste curto tempo, do que qualquer outro gênero. E decidi tirar uma dúvida que pairava na minha mente: os produtores brasileiros sabem fazer rir? Definitivamente, não.

Escrevo este texto logo após ver “Loucas para Casar”, novo lançamento do cinema nacional, e eu confesso que fiquei constrangido na sala. Roteiro beirando o pífio, com humor de baixo nível, piadas piores que as do “Zorra Total” em sua época mais baixa.

Fiquei com pena da Tatá Werneck e da Ingrid Guimarães, que são talentosas e mereciam coisa melhor. E não é a primeira sensação que tenho ao ver uma comédia nacional. Na verdade, são inúmeros: “Crô” (esse eu sai no meio da sessão. E raramente faço isso), “Minha Mãe é uma Peça” (Paulo Gustavo não faz humor, ele grita e copia piada do Twitter. E tem gente que acha grito engraçado), “O Diário de Tati” (talvez a pior comédia nacional na história, se é que dá pra chamar de comédia), dentre outros.

Enfim, o que quero dizer que é que os nossos produtores fazem produtos forçados, com grandes nomes do cinema, roteiro de gosto duvidoso, direção bem fraca e forçada, e entregam para o público.

E o alvo é justamente o jovem, que parece não ser muito exigente. Este público quer ver comediantes da moda, que gosta na televisão e no teatro, fazendo graça, ou tentando fazer, para dar um pouco de risadas. E eles acabam rindo de qualquer coisa, tanto que “Minha Mãe é Uma Peça” foi a maior bilheteria de 2013.

Aliás, comédia popularesca brasileira tem sido bilheteria certa. E não é pouco, é bem alta. Que o diga o outro fraco “Os Caras de Pau”, que está no cinemas e já está beirando 1 milhão de espectadores, mesmo sendo, provavelmente, uma das piores comédias feitas.

Bom, o que quero dizer é isso: os produtores de cinema no Brasil ligaram o automático, apelam para piadas de mau gosto e escatológicas, e entregam para as pessoas. E muita gente engole, morde, assopra e acha bom. Não é bem assim.

Infelizmente, as comédias brasileiras são um tremenda piada de mal gosto.

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Os bastidores da ESPN e o que esperar do canal em 2015

Antenado

Nota do colunista: no sábado passado (06), esta coluna não foi ao ar excepcionalmente, devido à uma série de reportagens que fiz no Rio de Janeiro e em São Paulo. Voltamos nesta semana normalmente.

Já disse isso aqui em outra coluna, e repriso: sou grande fã do jornalismo que é praticado na ESPN Brasil. Bons profissionais, boa técnica, entre outras qualidades. Porém, eu preciso falar da saída de Paulo Vinícius Coelho.

Hoje, esta coluna é um misto de opinião e informação. A perda de PVC é algo que mostra que, mesmo com a excelente cobertura da Copa do Mundo, 2014 não foi um bom ano para a ESPN.

Perder Champions já é puxado. Perder o principal campeonato e um dos principais comentaristas é muito pior. João Palomino, recém-promovido a vice-presidente, precisa mostrar mais trabalho do que já vem mostrando. Tem sido um bom diretor, isso tem que ser ressaltado. Subiu os números e o faturamento da emissora, pelo que tenho de informação. A ESPN precisa de eventos, e não é qualquer evento. É evento forte, impactante, que mostre pro mercado que ela não está aceitando passivamente essas perdas.

Pelo que ouvi de pessoas que trabalham na ESPN e que tenho o privilégio de chamar de amigos – logicamente, não citarei nomes -, há uma chateação pelos rumos do canal atualmente. Todos gostam do Palomino e reconhecem o trabalho dele, mas o canal tem perdido características importantes, como as reportagens diferenciadas e a qualidade de sua programação.

“É importante ter programas ao vivo, mas tirar o ‘Loucos por Futebol’ do ar não foi algo bom. Havia espaço na programação e ele era a cara do canal”, me disse um amigo-funcionário. O clima ainda é dos melhores para se trabalhar, isso é fato, mas algo incomoda: a audiência. “É legal que os números subam, e a programação ao vivo é importante, mas estamos perdendo algo primordial: identidade”, me disse outro.

Não sei exatamente o que essas pessoas querem dizer com alma, porque não trabalho na ESPN Brasil. Creio que seja identidade que a ESPN tinha antes e hoje não tem mais. Creio que o 2015 do canal esportivo da Disney terá uma missão puxada, que é ganhar a confiança de seu fã de esporte. Não que tenha perdido, mas precisa reforçar a ideia de que ele é o melhor canal esportivo da TV paga. E números não confiam qualidade, e todos sabem disso.

Boa sorte, ESPN. Me parece que você vai precisar.
Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, além da coluna “Antenado”, assinada todos os sábados, é responsável pelo “Documento NT” e outras reportagens. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

Como o “Jogo Aberto” se tornou o pior programa esportivo da TV

Antenado

De novo, esta nobre coluna vai ter que falar de programas esportivos na TV brasileira.

Me recordo que o “Jogo Aberto” começou em 2007 na Band. Na época, ele era agradável, e apesar de eu nunca ter gostado do estilo de apresentar da ex-Miss Brasil 1999, o programa era divertido de se ver. Sabiam mesclar bem o humor e a informação. Era um formato redondo. Tanto que emplacou na audiência, resolveu o problema da Band no horário do almoço (que ia mal desde a polêmica saída de Jorge Kajuru), e está indo para o seu oitavo ano.

Porém, desde 2012 para cá, tenho percebido uma queda absoluta em sua qualidade, acentuada neste ano. A atração, principalmente em seu debate, virou um vale-tudo desenfreado e desrespeitoso. Que me perdoem os responsáveis pelo programa, mas toda semana há gritaria, barracos, e um debate marcado pelo baixo nível, sem qualquer análise sobre os acontecimentos do futebol e dos outros esportes.

Além disso, parece que virou premissa básica fazer Renata Fan chorar toda vez que o time dela, o Internacional, se dá mal no Campeonato Brasileiro. Primeiro, eu não consigo ver graça em fazer uma mulher chorar, porque isso é de uma falta de cavalheirismo e de sensibilidade incrível. E segundo, Renata Fan, pelo menos em seu programa, precisa e necessita se controlar.

Entendo que seu clube é sua grande paixão, mas a premissa de uma jornalista é ser imparcial. E me parece que, chorando no ar pelo seu time, ela acaba não passando o mínimo de credibilidade para comentar nem sobre seu clube, nem sobre qualquer um que dispute o futebol brasileiro.

Não me incomodo que jornalistas assumam o time que torçam, não. Mas isso não pode cegá-lo e fazê-lo chorar e perder o controle em rede nacional toda semana. Há vários exemplos de jornalistas que assumem o seu time publicamente, e são excelentes comentaristas.

Renata Fan precisa, urgentemente, aprender com eles.

Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, além da coluna “Antenado”, assinada todos os sábados, é responsável pelo “Documento NT” e outras reportagens. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer
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Quando um narrador esportivo faz a diferença em um jogo

Quando um narrador esportivo faz a diferença em um jogo

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Eu confesso que gosto da ESPN Brasil. Desde minha infância até sua fase atual, que é excelente. A equipe é afiada, e quando falo equipe, digo todos: apresentadores, editores, comentaristas e repórteres. É o melhor canal de esportes da TV por assinatura hoje, e isto é um fato consumado.
Porém, não é exatamente de ESPN que quero falar nesta coluna, e sim de um profissional nela específico, que já me chama a atenção há algum tempo, mas que de duas semanas para cá tem despertado meu interesse ainda mais. Trata-se de Paulo Andrade, o narrador número um da emissora esportiva da Disney.
Quem me acompanha no Twitter, sabe que considero Paulo um dos três melhores do Brasil – junto com Luís Roberto e Milton Leite -, muito por sua firmeza ao narrar, ao saber passar emoção na dose certa, e ainda não ter trezentos e doze bordões como a maioria dos locutores. Simples, direto, forte ao fazer lances de emoção, e com uma extrema categoria ao conduzir um jogo.
Dito isto, tenho que falar das duas últimas semanas de Paulo. Ele narrou dois jogos de intensidade: “apenas” Real Madrid x Barcelona e Atlético Mineiro x Flamengo, pela Copa do Brasil, na última quarta. Os dois in loco. E foram os dois primeiros jogos de Andrade depois de uma perda irreparável: a de seu pai.
No primeiro, não pareceu se abalar, muito pelo contrário. Parecia narrar com mais força, mais vontade, mais garra. Era como se quisesse fazer uma homenagem ao seu pai naquele jogo. Fazer a melhor transmissão da vida para honrá-lo. E este mesmo sentimento aconteceu em Galo versus Fla, onde no quarto gol, foi perfeito ao definir a vitória do time mineiro: era a vitória do inacreditável.
Depois destes dois jogos, uma opinião que já vinha amadurecendo, se tornou 100% concreta: Paulo é, sim, o melhor narrador do Brasil. Se mostra gigante no pessoal, e enorme no profissional. E, sem dúvida, faz a diferença em uma transmissão. E como faz.
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