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A contagem regressiva já começou na Jordânia. Daqui a sete dias, o país receberá o Uruguai para o primeiro capítulo de uma saga que poderá terminar com a classificação inédita para a Copa do Mundo da FIFA. Na próxima quarta-feira, 13 de novembro, asiáticos e sul-americanos se encontram em Amã para o jogo de ida da repescagem intercontinental que definirá mais uma vaga no Brasil 2014.
Só se fala nessa partida na nação do Golfo, e todos se perguntam se a seleção estará à altura do grande evento. Os astros da equipe uruguaia, liderados pela dupla de ataque formada por Luis Suárez e Edinson Cavani, são acompanhados de perto pelo torcedor jordaniano. Muita gente também recorda a única ocasião em que os dois países mediram forças, durante a Copa do Mundo Sub-20 da FIFA Canadá 2007.
Estreantes na competição, os jovens da Jordânia fizeram uma apresentação histórica diante da Celeste. Agora, vários deles estão na seleção principal e carregam nos ombros o sonho de sete milhões de jordanianos diante do mesmo adversário. O FIFA.com conversou com eles sobre as lembranças e as expectativas para o confronto com o Uruguai.
Um salto no passado
O único encontro entre jordanianos e uruguaios até hoje aconteceu na segunda rodada do Grupo B do Canadá 2007. Ambos os países haviam estreado no Mundial Sub-20 com empates, respectivamente diante de Zâmbia (1×1) e Espanha (2×2), e portanto ambos buscavam uma vitória no Estádio Swangard de Burnaby, na bonita costa oeste canadense.
Os garotos da Jordânia jogaram de igual para igual no primeiro tempo e resistiram às investidas da dupla Cavani-Suárez durante 40 minutos, até o camisa 9 ser lançado dentro da área e arrematar para as redes. O gol acabou dando a vitória ao Uruguai e classificou o país para a segunda fase do torneio, apesar da derrota sofrida diante de Zâmbia na terceira rodada.
O miolo de zaga jordaniano era formado por Ibrahim Zawahreh e Anas Bani Yaseen, que recordou o seu primeiro duelo com o atacante do Paris Saint-Germain. “Nós não o conhecíamos muito bem”, disse o zagueiro. “Na primeira partida, contra a Espanha, havíamos notado Cavani e Suárez porque cada um marcou um gol. E eu tinha a tarefa de acompanhar Cavani, que jogava no comando de ataque. Zawahreh e eu havíamos conseguido desarmá-lo diversas vezes, mas bastou uma bola enfiada para que ele fizesse o gol. Não éramos muito experientes naquela época. Fizemos de tudo para não deixar que ele marcasse outra vez, e conseguimos contê-lo durante o segundo tempo. Hoje ele é um grande goleador no futebol europeu. Nós o conhecemos bem e estaremos de olho nele o tempo todo para impedir que ele faça gols.”
Zawahreh confirma as intenções do companheiro. “Era a nossa primeira participação em uma competição internacional”, comenta. “Eu não tinha disputado o Campeonato Asiático com a seleção, mas durante a preparação, me entendi bem com o Anas. Fizemos uma excelente partida contra Zâmbia. O confronto com o Uruguai prometia ser complicado, considerando o estilo de jogo sul-americano, de muita técnica e velocidade. Olhando para trás, fico orgulhoso da nossa atuação naquele dia e espero que consigamos repeti-la. Não pouparemos esforços para chegar lá.”
No momento, Zawahreh está se preparando para a disputa da repescagem, enquanto Bani Yaseen espera estar bem recuperado de uma contusão para o jogo de volta, que acontece uma semana mais tarde, no dia 20, em Montevidéu. A defesa jordaniana é formada ainda pelo versátil Adnan Hasan, que também participou do encontro de 2007, e por Mohammad Aldmeiri, que ficou de fora do torneio no Canadá por conta de uma lesão. Desta vez, ele cumprirá suspensão na partida em Amã e aguarda impacientemente pela viagem até a capital uruguai.
Pelo direito de sonhar
Baha Suleiman e Ala Al Bashir garantem a coesão do meio-campo jordaniano desde a criação da equipe sub-20 do país, em 2005, e foram grandes protagonistas da classificação histórica para o Mundial da categoria. Em seguida, ambos foram promovidos à seleção principal e Suleiman se impôs como titular, ajudando em todos os setores do campo e inclusive marcando o gol da vitória sobre a China na terceira fase das eliminatórias asiáticas para o Brasil 2014.
Infelizmente, o meia sofreu uma grave contusão no calcanhar no começo deste ano e ficou afastado do esporte durante um longo período, desfalcando a Jordânia desde a segunda rodada da quarta e última fase do torneio classificatório. “Foi uma ausência muito longa”, disse o jogador, que voltou aos gramados e à seleção jordaniana no começo da atual temporada.
“Assisti aos jogos nas tribunas e fiquei muito nervoso todas as vezes”, completou Suleiman. “Uma partida importante nos aguarda contra o Uruguai, e nada é impossível no futebol. Temos o direito de sonhar. Precisamos nos munir de paciência para chegarmos ao nosso objetivo. Quando me lembro do jogo contra os uruguaios no Canadá, percebo que só o trabalho e o empenho fazem a diferença, e isso continua valendo hoje em dia. Claro que eles têm uma história rica e grandes craques, mas devemos demonstrar coragem e não ter medo deles.”
Confiança no ataque
Ter uma boa estratégia defensiva é essencial para enfrentar o Uruguai, mas a Jordânia também precisará atacar e repetir as jogadas rápidas que se provaram eficientes diante do Japão e da Austrália na reta final das eliminatórias. E o selecionado do Oriente Médio possui boas armas no setor ofensivo, como Abdallah Salim, que brilhou nas categorias de base e depois na equipe sênior nesses últimos anos. No Canadá 2007, foi ele quem anotou o gol de empate contra a Zâmbia, antes de acertar novamente o alvo na partida com os espanhóis, perdida por 4 a 2.
Embora não tenha balançado as redes uruguaias, Salim carimbou o travessão. “Estávamos muito intimidados no começo da Copa do Mundo, mas depois do empate com Zâmbia queríamos um segundo resultado positivo contra o Uruguai”, contou o atacante. “Lembro que havíamos jogado muito bem ofensivamente e acertamos a trave duas vezes. O travessão bloqueou um dos meus chutes a meia distância. Poderíamos perfeitamente ter obtido um empate.”
Passados seis anos, ele está confiante para o reencontro que poderá selar a primeira participação da Jordânia na Copa do Mundo da FIFA. “Todos os atacantes da seleção jordaniana sabem que estarão diante de grandes defensores, acostumados a enfrentar os maiores artilheiros do mundo, mas isso não vai nos impedir de tentarmos a nossa sorte”, garantiu Salim. “Vamos precisar tirar proveito da vantagem de jogar em casa, diante da nossa torcida. A nossa principal arma será a motivação diante de um adversário tradicional, que já foi campeão mundial e está entre as melhores seleções do planeta. Todos os jogadores selecionados pelo técnico para essas duas partidas darão o máximo de si. É preciso acreditar, pois tudo é possível no futebol.”

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