Abel explica por que Inter entregou outra partida: “O foco é o campeonato de vídeo game”

Abel grita para Rafael Moura: "Não aperta o quadrado tão forte!" (FOTO: Wellington Paulista)

Abel grita para Rafael Moura: “Não aperta o quadrado tão forte!”
(FOTO: Wellington Paulista)

O Inter não perde, entrega. Entregou a Copa do Brasil para jogar a Sul-americana. Entregou a competição internacional para focar no Brasileirão e, agora, entregou o Brasileirão para focar no… campeonato nacional de vídeo game. Isso mesmo, o campeão de tudo quer legitimar esse apelido, vencendo o Campeonato Brasileiro de Fifa 15.

Quem revelou a informação foi o técnico Abel Braga, durante entrevista coletiva realizada depois da partida, que terminou com o placar de 3 a 2 para o Figueirense: “Eu gosto de acompanhar os jogadores dentro e fora de campo. Em campo, eu vi que não tem jeito, o elenco é fraco. Mas na concentração eu notei que os caras são bons no vídeo game. Pô, até o Rafael Moura faz gol e o Willian acerta passe. Por isso, tive a ideia de direcionar a atenção do elenco para Brasileirão de Fifa 15, para estarmos bem preparados quando a competição começar”, disse.

Por este motivo, o treinador anunciou que o time deve jogar o restante do Brasileirão com o sub-15. Questionado por jornalistas sobre a escolha, Abel Braga se irritou e disparou: “Entregamos mesmo e se reclamarem muito, vamos entregar até o Gauchão de 2015″, finalizou.

Apesar de já pensar em 2015, Abel Braga curtiu Catho Online, para se manter atento ao mercado de trabalho.

Abel Braga: “Ser o 1° a perder do Corinthians no Itaquerão é pior que ser eliminado pelo Mazembe”

O Corinthians nunca havia vencido uma partida em casa, até surgir o poderoso Inter em seu caminho. A derrota humilhante do Colorado irritou o técnico Abel Braga, que disparou contra a equipe. Para reforçar o argumento de que jogo contra o Timão no Itaquerão não se perde, o comandante lembrou de um fato terrível da história do time gaúcho.

“O Corinthians nunca venceu em casa. São 104 anos sem vitória e a gente conseguiuperder para eles. Por isso, afirmo sem medo de errar: hoje é um dia negro na história do Inter e com certeza a humilhação dessa derrota é maior que a sentida quando o Inter perdeu do Mazembe”, disse.

O goleiro Cássio ameaçou sair quicando com a bunda no chão, mas foi contido pelos colegas. Segundo os companheiros de clube, o Inter já foi humilhado o suficiente com a derrota para o Coringão no Itaquerão e não seria necessário fazer mais nada para provocar.

Com o resultado, ficou provado que o Figueirense é maior que o Inter.

 

Olé do Brasil.com.br

Renato Maurício Prado comenta o fracasso de grandes treinadores

Em 2013, trabalharam nos quatro grandes clubes do Rio alguns dos treinadores mais badalados do futebol brasileiro: Paulo Autuori, no Vasco; Mano Menezes, no Flamengo; Abel Braga e Vanderlei Luxemburgo, no Fluminense, e Oswaldo de Oliveira, no Botafogo. Exceção feita ao último, que conquistou o Estadual e uma vaga na Libertadores, todos os demais fracassaram rotundamente. Foi uma temporada que deixou evidente quanto é, no mínimo, duvidoso o caríssimo investimento nos chamados técnicos de ponta.

E o fenômeno não se restringiu aos cariocas. Tite e Muricy Ramalho também não corresponderam às expectativas no ano que passou. O primeiro acabou deixando o Corinthians (onde conquistara tudo nas duas temporadas anteriores) e o segundo, após ser demitido no Santos (onde fora campeão da Libertadores, em 2011), até se recuperou um pouco no São Paulo (seu eterno lar), mas ainda assim ficou devendo, ao deixar escapar a Sul-Americana, numa eliminação dolorosa diante da fraca Ponte Preta.

Os grandes vitoriosos foram mesmo Marcelo Oliveira, com o Cruzeiro, e Cuca, com o Atlético Mineiro. Dois ótimos profissionais, mas que nem de longe eram considerados do “primeiro time” — aquele que cobra entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão de salários por mês e ainda carrega uma numerosa comissão técnica a tiracolo. Diante disso é extremamente saudável ver o Campeonato Carioca começar com o quarteto dos grandes sendo dirigido por gente de carne e osso, não pelos catedráticos que se julgam acima do bem e do mal e se consideram as maiores estrelas do espetáculo.

Jayme de Almeida, no Flamengo; Eduardo Húngaro, no Botafogo; Adílson Batista, no Vasco, e até mesmo Renato Gaúcho (que já é mais rodado), no Fluminense, são profissionais menos badalados e, por isso, mais afeitos a ideias novas — algo que o futebol brasileiro está precisando muito.

Hora da verdade

Dos “supertécnicos” supracitados, dois precisam urgentemente de bons resultados pra não perder o resto do prestígio que ainda têm: Autuori, que apesar das passagens desastrosas por Vasco e São Paulo, foi contratado para substituir Cuca, no Atlético Mineiro, e Mano Menezes, que após ser demitido da seleção brasileira, protagonizou um fiasco de proporções tsunâmicas no Flamengo e acabou retornando ao Corinthians. Detalhe: depois que ele saiu do scratch e do rubro-negro, ambos decolaram, o que depõe muito contra seu trabalho…

Limbo

Quem parece relegado ao ostracismo é Vanderlei Luxemburgo, que em 2013 conseguiu ser demitido duas vezes: no Grêmio e no Fluminense. Tal como Tite, que ao contrário dele, saiu em alta, está mais do que na hora de dar um tempo e se reciclar. Porque daquele treinador vitorioso, que conquistou cinco Brasileiros, pouco parece ter sobrado…

Albari Rosa / Gazeta do Povo / Felipão quer que os torcedores valorizem Neymar durante a Copa das Confederações

Imune

Quem conseguiu uma recuperação espetacular foi Scolari, o último dos dinossauros de pé. Após rebaixar o Palmeiras, Felipão parecia condenado. A volta por cima na seleção recuperou todo o seu prestígio, reforçando a impressão de que seu forte é mesmo competição de tiro curto e mata-mata. A Copa desse ano, entretanto, será seu teste final. Se vencê-la, entrará definitivamente no panteão dos maiores, por alcançar um bicampeonato mundial inédito entre os treinadores de seleção, na era do profissionalismo (antes dele, apenas o italiano Vittorio Pozzo conseguiu o bi, ganhando os Mundiais de 34 e 38, com a Itália). Mas se Scolari perder em casa…

 

Renato Maurício Prado

Renato Maurício Prado comenta que treinadores caros só dão prejuízo

 

A temporada de 2013 no Brasil abalou profundamente o mito dos “supertécnicos”, aqueles “professores” que exigem autênticas fortunas para treinar qualquer clube, sob a justificativa de que são infinitamente superiores à média e, portanto, sabem tudo e podem tudo no futebol. Nenhum deles valeu o altíssimo investimento — muito pelo contrário…

Vanderlei Luxemburgo, que ainda há quem considere o melhor técnico do Brasil, apesar dos seguidos fracassos nos últimos oito anos, deu-se ao luxo de ser demitido duas vezes: do Grêmio (eliminado precocemente na Libertadores) e do Flu (que deixou à beira do rebaixamento).

 

Mano Menezes saiu de apenas um clube (o Flamengo), mas o destino o brindou com requintes de crueldade: ato contínuo ao seu inesperado pedido de demissão, em pleno vestiário, após sofrer uma goleada e sem falar com um dirigente sequer, o time rubro-negro se uniu em torno de seu substituto (o humilde auxiliar técnico Jayme de Almeida) e o resultado foi o que se viu: reação imediata no Brasileiro e título da Copa do Brasil. Que contraste!
Paulo Autuori foi outro que amargou dois fracassos num mesmo ano. No Vasco, onde chegou anunciando que estava ganhando bem menos do que normalmente cobrava e saiu, por vontade própria, após uma série de maus resultados, e no São Paulo, onde, com certeza, teve um de seus piores momentos da carreira. Um desastre completo.

 

Já Abel Braga, após o título brasileiro do ano passado, perdeu a mão no Flu e acabou eliminado cedo da Libertadores, derrotado, sem direito de ir às finais, no Estadual, e demitido no Brasileirão, depois de cinco derrotas consecutivas.

 

Nem o campeão do mundo, Tite, escapou à sanha do insucesso galopante dos chamados treinadores de ponta no Brasil, em 2013. Após três temporadas espetaculares, não foi capaz de manter o rendimento de seu time, apesar do elenco milionário e estelar que passou a ter em mãos — perdeu Paulinho, é fato, mas ganhou Pato e Renato Augusto e nenhum dos dois vingou sob o seu comando.

 

Na verdade, nem Muricy Ramalho escapa dessa lista de fracassos. Depois de ser demitido do Santos, conseguiu uma sequência de bons resultados que livraram o São Paulo do rebaixamento, mas na hora de coroar sua volta ao Morumbi com o caneco da Sul-Americana, que levaria o tricolor à Libertadores e salvaria o ano, acabou eliminado pela Ponte Preta, que está caindo para a segunda divisão…

 

Entre os medalhões, a rigor, salvou-se apenas Luiz Felipe Scolari, com a seleção brasileira. Mas, não custa lembrar que, no ano passado, ele foi um dos responsáveis pelo rebaixamento do Palmeiras.

 

O resumo da ópera é o seguinte: no Brasil é razoável pagar salários entre R$ 400 mil e R$ 1milhão a qualquer treinador? Decididamente, não. Compreende-se até que aqueles que conquistem grandes títulos ou metas ousadas sejam recompensados adequadamente. Mas daí a garantir fortunas mensais, independentemente dos resultados, como acontece hoje, vai uma distância colossal.

 

Obrou bem o Palmeiras ao acertar um contrato de produtividade com Gilson Kleina. O mesmo fará o Flamengo, se seguir tal receita com Jayme de Almeida. E que todos os outros clubes brasileiros reflitam bem sobre o assunto.

 

Tem cabimento gastar rios de dinheiro com quem não entra em campo, não faz, nem impede gols e, ganhando ou perdendo, embolsa uma belíssima grana? Isso sem falar nas estratosféricas multas rescisórias que normalmente exigem, quando são demitidos por não realizarem as “mágicas” esperadas quando de suas contratações…

 

Renato Maurício Prado – O GLOBO-02/12/2013

Renato Maurício Prado comenta desabafo de torcedor do Flamengo

 

De uma felpudíssima raposa rubro-negra, que ajudou a eleger a chapa azul e está sempre antenado com o que acontece na Gávea:

— Quem disse que a bola não entra por acaso? Paulinho veio como contrapeso do Diego Silva e o Jayme só foi efetivado porque Abelão recusou o convite… Bem melhor que a encomenda, não?

 

Renato Maurício Prado – O GLOBO-29/11/2013

Renato Maurício Prado comenta a demissão de Abel Braga do Fluminense

 

Campeão estadual e brasileiro, no ano passado, Abel não resistiu à quinta derrota consecutiva (a sexta, em nove rodadas). De fato, um desempenho indigno do time que detém o título do país. Mas daí a achar que a culpa é só do Abel…

Pelo que se comenta nos bastidores das Laranjeiras, os salários andam atrasados e, pior, voltou a ocorrer aquele velho problema de a turma da Unimed receber em dia e os demais, não. O Fluminense já deveria estar careca de saber o que isso causa: divisão no grupo e mal-estar generalizado. Jogador não corre com a mesma disposição quando não recebe em dia. E corre menos ainda quando descobre que alguns colegas estão ganhando e outros não.

É sabido que o Flu, assim como os seus coirmãos cariocas, vive atolado em dívidas e com enorme dificuldade de honrar suas folhas salariais. Mas enquanto não promover, no mínimo, a igualdade no elenco, não chegará a lugar algum. Pode trocar quantos técnicos quiser.

Melhor trocar o tesoureiro e dar um jeito de colocar a grana em dia. Esse é o grande desafio do presidente Peter Siemsen. Maior até do que substituir Abel. Sobre isso: só Celso Barros, presidente da Unimed quer contratar Vanderlei Luxemburgo…

 

Coluna redigida pelo jornalista Renato Maurício Prado para o jornal carioca O GLOBO no dia 30 de julho de 2013

Fluminense demite Abel Braga

Vindo de cinco derrotas seguidas no Brasileirão, Tricolor vai precisar desembolsar R$ 2 milhões para sacramentar a saída da comissão técnica

 

O Fluminense vive um dilema. Com cinco derrotas consecutivas e já ocupando a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, a diretoria tricolor decidiu pela demissão do técnicoAbel Braga, tratada desde a noite do último domingo após o revés para o Grêmio, em Porto Alegre. O anúncio será feito na tarde desta segunda-feira, nas Laranjeiras. Ao mesmo tempo, os dirigentes enfrentam dois problemas principais: a falta de dinheiro para arcar com a dispensa da comissão técnica a cinco meses do fim do contrato e ainda a ausência de um nome de consenso para assumir o time imediatamente.

abel braga fluminense desembarque (Foto: Edgard Maciel de Sá)
Abel Braga no desembarque do Fluminense na tarde desta segunda-feira (Foto: Edgard Maciel de Sá)

O contrato do técnico Abel Braga com a Unimed, válido até o mês de dezembro, não tem multa rescisória. Mas é o compromisso do treinador com o Fluminense, assinado por tempo indeterminado, que surge como entrave. Somando dois meses de salários devidos, FGTS não recolhido e direitos de imagem também atrasados, o Tricolor precisaria desembolsar cerca de R$ 2,05 milhões para demitir toda a comissão técnica formada, além de Abel, pelo auxiliar técnico Leomir, o preparador físico Cristiano Nunes, o preparador de goleiros Marquinhos e o observador Fábio Moreno.

Outro problema é a falta de consenso entre os membros da diretoria tricolor quanto ao substituto. Vanderlei Luxemburgo, nome preferido do presidente da patrocinadora, Celso Barros, enfrenta forte rejeição no clube. O próprio presidente Peter Siemsen é contra. Atualmente no Bahia, Cristóvão Borges também já foi procurado, mas a incerteza quanto a permanência do diretor executivo Rodrigo Caetano em 2014 – os dois já trabalharam juntos no Vasco – atrapalha a questão. A terceira opção seria Ney Franco, recentemente demitido do São Paulo.

Antes de a diretoria bater o martelo sobre a demissão, uma pessoa ligada à diretoria tricolor evidenciou o impasse.

– O quadro é complicado. Hoje o Fluminense vive três problemas principais. Em Porto Algre foi tratada a demissão do treinador, mas não há um substituto para assumir o time. O nome do Luxemburgo, quando saiu na imprensa, teve uma rejeição enorme. E o clube não tem como honrar agora com os gastos da saída da comissão técnica. Não dá para demitir o treinador sem ter quem colocar no lugar, ainda mais na situação atual do time.

Em 17º lugar no Brasileirão, o Fluminense precisa de um novo treinador para assumir o time em caráter de urgência. O Tricolor volta a campo na próxima quarta-feira para enfrentar o Cruzeiro, às 19h30m (de Brasília), no Maracanã. A primeira opção natural dentro do clube seria o técnico dos juniores, Marcelo Veiga, mas ele está na Alemanha com a equipe sub-20 disputando uma competição internacional. Em 2011, parte da diretoria tentou implantar a ideia do auxiliar técnico permanente justamente para casos como esse. Enderson Moreira foi contratado, mas a iniciativa não vingou.

Renato Maurício Prado questiona o que acontece com o Fluminense atualmente

 

A tolice de Fred foi decisiva, mas nem ela encobre a assustadora queda de produção do atual campeão brasileiro, que sofreu a quarta derrota consecutiva! Algo desandou nas Laranjeiras…

 

Coluna redigida pelo jornalista Renato Maurício Prado para o jornalista Renato Maurício Prado para o jornal carioca O GLOBO no dia 23/07/2013

Demitir Abel Braga ?

 

Após o jogo a diretoria disse que a princípio o Abel permanece. A situação será avaliada, disseram. É o famoso “segue prestigiado” que geralmente termina com a cabeça do treinador numa bandeja, em meio a agradecimentos fajutos e explanações sobre o novo “planejamento”.

Demitir o Abel.

É evidente que a hipótese passa na cabeça de todo tricolor, principalmente depois de mais uma derrota para um time que vai brigar embaixo o campeonato inteiro.

Passa pela minha também.

Está claro que nosso treinador está perdido. Ficou refém de suas convicções durante meio ano e só agora dá mostras de querer mudar o rumo das coisas. Acho que é tarde. Acho não, estou certo disso.

Fico em dúvida.

Mas se fosse eu a decidir, mesmo insatisfeito com seu trabalho, não o demitiria agora.

Aliás, acho que as duas realidades podem, sim, conviver, coexistir. Julgo seu trabalho em 2013 como muito ruim (e os números deixam isso evidente), mas ponho na balança o grande trabalho que fez no ano que passou e, é claro, a evidente escassez de bons nomes no mercado.

Complicado, porque sei que virarei vidraça da maior parte da torcida, que parece já ter jogado a toalha com nosso técnico.

Compro essa briga.

Não entro nessa onda de simplificar algo que evidentemente ultrapassa as quatro linhas. Não estou convencido de que o Abel perdeu o grupo, como repetem à exaustão nas redes sociais.

E nem de que não pode dar a volta por cima.

Além disso, tem o lado prático. Iríamos de Luxemburgo, e sua maneira – como posso dizer? – pouco ortodoxa de trabalhar? Ou de Muricy, o mesmo camarada que cavou, pelos bueiros das laranjeiras, a própria saída, num dos episódios mais lamentáveis de nossa história recente?

Na hora do aperto, prefiro ficar ao lado dos que têm caráter.

Não há salvo conduto para o Abel. É claro que ninguém no futebol, e isso em qualquer clube, se sustenta numa sequencia infinita de derrotas. Mas, numa conta sem paixão, dou meu crédito ao cara, a despeito de reconhecer – e me irritar – com sua teimosia que esse ano tem beirado a burrice.

A reflexáo que sugiro que façam é: num jogo estranho como o de hoje, no qual entregamos o resultado num golpe de MMA de nosso artilheiro, quais eram as opções de nosso treinador?

O elenco modelo, vencedor ano passado, hoje tinha Rhayner e Marcos Júnior para mudar o jogo.

Rhayner e Marcos Júnior…

Não admitir que hoje temos apenas um time comum, sem grandes opções e sem alternativas técnicas é não observar, não enxergar o óbvio.

É claro que nosso treinador tem grande parcela de culpa, mas qualquer escalação de qualquer torcedor tricolor iria destoar no máximo em dois ou três nomes do que vem sendo adotado pelo Abel.

Perdemos o Nem, jogador veloz e agudo, devolvemos o Thiago Neves ao árabes, um cara que sabia finalizar como poucos, nos desfizemos de outras peças de reposição (nosso goleiro reserva jamais jogou um jogo importante na carreira) e não trouxemos ninguém.

Times de menor peso, como o próprio Vasco, cuja direção é sabidamente muito fraca, trouxe boas peças nessa janela. Outros, como o Inter, foram buscar uma base de estrangeiros que certamente tem tudo para dar certo.

O Fluminense parou. Sentou em cima de um título partindo da premissa que estava sobrando na turma.

E isso não existe no futebol brasileiro.

E ainda que existisse, acho que ficou claro para todo mundo que fomos campeões na base da camisa. Nem de longe jogamos em 2012 um futebol que nos credenciasse a pensar que seríamos imbatíveis um ano depois.

Era fundamental trazer reforços de bom nível para mexer com os brios de alguns jogadores que se sentem intocáveis. Parte do sucesso do futebol se deve à competitividade entre os atletas de um mesmo grupo.

Mas não… No Fluminense impera a tese de que em time que tá ganhando não se mexe.

Só se for para vender.

Falar da inabilidade do Rodrigo Caetano é chover no molhado. Nosso diretor de futebol pode ser bom de marketing pessoal, mas tem se demonstrado um péssimo gestor de série B no campeão da série A.

Nosso alto executivo recebe mais do que 90% dos camisas 10 do campeonato, leva grande parte do investimento da Unimed e não tem agilidade, nem criatividade, sequer entusiasmo, para fortalecer nosso elenco.

Até certo ponto acho que ele deve responder pela maior parte do problema. Seria assim em qualquer empresa. De certo modo, afinal, gestão profissional é escolher, delegar e confiar.

Mas acho que atravessamos uma fronteira perigosa. A partir de agora, permitir que a condução do futebol se mantenha nas mãos do Caetano e do Sandrão, nessa mesmice e inação injustificáveis, deixa de ser delegar e confiar e passa a ser se omitir.

O Peter tem a obrigação de interferir imediatamente. E dele espero – acho que todos esperamos – que use toda a boa vontade e entusiasmo que tem dedicado aos assuntos extra campo também para nosso futebol. É evidente que o trabalho nesse campo está ruim.

Não sou ingênuo e sei que dependemos da boa vontade e da lua que esteja regendo o presidente da patrocinadora. Mas essa variável era conhecida por todos no início da relação entre o Celso Barros e a atual diretoria do clube.

Ter jogo de cintura e costurar os bastidores – ainda que instáveis – nos corredores da Unimed sempre esteve entre os principais desafios do clube.

Não dá para dizer que foram pegos de surpresa.

É um absurdo, uma vergonha, o Fluminense não ter vencido um único grande adversário desde novembro do ano passado e não ter se movimentado um metro que fosse na busca por soluções.

Entramos numa crise, não há dúvida. Nesses momentos, as decisões e reflexões devem ser tomadas e havidas de forma diferente.

O comandante tem que pegar na porcaria do leme e ter coragem para tomar as decisões mais objetivas e mais corajosas.

Estou convicto de que a troca do treinador seria o caminho mais fácil. Daria pronta resposta para a torcida e varreria um pouco da sujeira para debaixo do tapete.

Mas não estou convencido de que seria o melhor a ser feito.

O que o Fluminense precisa é de jogador. Precisa de um zagueiro, de um armador de chegada na frente, de um reserva para o Fred e de um atacante de velocidade.

Esses nomes não vêm da base. E nem do exterior, porque a janela já era.

Precisamos de alguém que queira e que tenha competência para buscá-los, mesmo diante de nossas conhecidas dificuldades.

Alô, Peter, a hora é de mostrar comando.

Abraços tricolores

CURTAS

– Deco não dá mais. Eu me convenci disso. Defendi o cara aqui por muito tempo. Chega. É master. Está enganando o Fluminense. Seria decente com a própria carreira que parasse agora.

– Abel, mesmo com poucas alternativas, errou ao não colocar o Rhayner imediatamente após a expulsão do Fred. Jogamos mais da metade do primeiro tempo com menos dois.

– Wagner ou Macula? Macula. Wagner ou Julinho? Julinho. Wagner ou Luís antonio? Luís Antônio. Wagner ou Renato sem sangue? Renato sem sangue. Wagner ou tupazinho? Tupazinho. Etc. Etc. Etc…

– Marcelo de Lima Henrique sabe fazer o trabalho direitinho. Tem uma metodologia muito mais moderna do que os árbitros mais antigos. Não a toa é hoje o juiz preferido do Rubinho. Abel foi corajoso na coletiva e deixou claro ao ser perguntado se achava que o fato do Fluminense estar em pé de guerra com a FERJ influenciava nas arbitragens: “sim”. Não fiquei surpreso com a atuação do juizinho. Acho que quase ninguem ficou.

– Edinho não resume nem de longe os problemas do time. Mas precisa ser barrado, sim. Diguinho? Digão? Se vier Fábio Braga eu peço a cabeça do Abel e peço desculpas a todos vocês, um por um.

– ainda essa semana escreverei sobre o Maracanã. Por agora, fica o registro sobre a ridícula quantidade de ingressos vendidos pelo consórcio. 250 reais a zona central é prova cabal de amadorismo e grandiloqüência injustificada. Ainda bem que não encheu. Parece que farão de tudo para acabar com o futebol.

 

Gustavo Abulquerque

Abel Braga se irrita com time: ‘Está muito fácil fazer gol no Fluminense’

Treinador fez o desabafo no intervalo da partida com o Vasco e time acabou sofrendo outro gol antes do primeiro minuto no 2º tempo e perdeu por 3 a 1

O técnico Abel Braga não escondeu o abatimento no intervalo da partida entre Fluminense e Vasco, no Maracanã, e mostrou indignação com a forma como o clube sofreu o primeiro gol do clássico. O Flu acabou confirmando a fragilidade na defesa logo depois da declaração de seu comandante ao sofrer um gol assim que o segundo tempo iniciou, antes do primeiro minuto .

Abel falava sobre a expulsão de Fred, que levou cartão vermelho aos 24 minutos do primeiro tempo, quando desabafou em entrevista à repórter Janaína Xavier, do SporTV.

– Você viu novamente o gol que eu tomei? Tá muito fácil fazer gol no Fluminense – constatou.

O semblante de Abel não escondia a preocupação. Quando a bola começou a rolar, o Vasco, que vencia a partida por 1 a 0, ampliou a vantagem no primeiro ataque. Ainda no intervalo, o treinador do Flu afirmou que ainda acreditava em uma reação do Tricolor carioca.

– O jogo estava difícil, mas difícil ficará. Mas colocamos um jogador mais rápido agora (Rhayner no lugar de Deco) para puxar o contra-ataque. Estou acreditando ainda no meu time, mesmo com menos um – disse.

digão fluminense eder luis vasco série A (Foto: Dhavid Normando / Agência Estado)
Zagueiro Digão foi expulso na partida contra o Vasco (Foto: Dhavid Normando / Agência Estado)

O técnico adotou a cautela ao falar da expulsão de Fred. Abel contou ter falado rapidamente com o atacante e disse não ter visto a jogada, em que o jogador do Fluminense acerta o adversário com o cotovelo.

– Não vi o lance. Ele falou que o cotovelo bateu no rapaz. Isso tem que conversar melhor amanhã, depois de amanhã – afirmou.

O Fluminense chegou a descontar, mas o Vasco voltou a marcar e venceu por 3 a 1. Foi a quarta derrota consecutiva do time de Abel.