Impeachment faz brilhar os olhos do mercado sedento por altas desde 2012

Notícia Publicada em 15/04/2016 18:36

Perspectiva de mudança política pode destravar centenas de bilhões de reais para Bolsa

Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, no início da 1ª sessão do rito de votação do impeachment de Dilma (Reuters/Ueslei Marcelino)
Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, no início da 1ª sessão do rito de votação do impeachment de Dilma (Reuters/Ueslei Marcelino)

SÃO PAULO – A perspectiva de uma mudança política, que pode ter o início concreto neste domingo (17) com a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, tem deixado em euforia os investidores mesmo antes da composição concreta de um eventual governo Michel Temer. Apesar da alta de 20% na Bolsa no acumulado de 2016 já ser interessante – a última vez que o Ibovespa registrou valorização anual foi em 2012 -, as projeções apontam para mais ganhos à frente, adocicados por mais centenas de bilhões de reais em novos investimentos para o mercado financeiro.

“Um cenário político mais cor-de-rosa poderia atrair fluxos pesados para ações brasileiras e continuar sustentando os mercados”, avaliam os analistas Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira, do BTG Pactual. Em um relatório publicado nesta sexta-feira (15), o banco calcula que aproximadamente R$ 240 bilhões poderiam adentrar o mercado. Para se ter uma ideia disso, em março, o giro diário em ações à vista na BM&FBovespa ficou em R$ 8,7 bilhões.

Ou seja, o valor representa as negociações de quase 28 dias. Esse montante total, segundo o banco, seria dividido em R$ 140 bilhões provenientes de fundos mútuos internacionais e o restante viria de fundos nacionais. Em outra análise do BTG de hoje, os estrategistas elevaram a sugestão de alocação de investimentos na Bovespa para acima da média e alteraram os papéis indicados para aproveitar esse novo cenário.

Janus Capital, uma das maiores gestoras de recursos do mundo, aumentou a alocação em Brasil ao perceber uma melhora no ambiente político. Em entrevista a O Financista, o analista para mercados emergentes Dan Raghoonundo afirma que o país tem muito espaço para melhorar, enquanto a maior parte das nações no mundo não tem.

“Aumentamos a nossa alocação ao Brasil já que sentimos que uma melhora no ambiente político deverá ajudar a elevar os valores dos ativos de companhias que atualmente estão sendo negociadas muito abaixo do seu valor intrínseco”, ressalta Raghoonundo, que cita o Banco do Brasil (BBAS3) e a Petrobras (PETR3PETR4) como exemplos.

Segunda onda

Para Will Landers, gestor de fundos para a América Latina da BlackRock, a maior gestora de recursos do mundo, os fundos globais e não dedicados ainda nem começaram a olhar o país. “Tem muita gente com a atitude de esperar para ver. Então, ainda há muito dinheiro para entrar”, disse em entrevista a O Financista por telefone na quarta-feira (13). Segundo ele, o Ibovespa pode subir acima de 60 mil pontos com uma eventual troca de governo.

“Tivemos um rali, não só das ligadas ao governo, mas das large caps. Acho que, em um segundo plano, será como vimos em 2009. Após esse rali inicial, focado nas grandes, as médias e pequenas vão começar a participar quando os investidores perceberem que não é apenas um “call” top-down (análise macroeconômica) do Brasil, ressalta.

Segundo o HSBC Research, o mercado de ações brasileiro poderá ver no segundo semestre uma “segunda onda” do rali. Em uma análise assinada por Francisco Schumacher, Marina Valle e Andre Carvalho, o banco entende que as large caps continuarão a ter um desempenho melhor do que as small caps nos próximos meses, especialmente se a volatilidade continuar alta no Brasil.

“Entretanto, durante o segundo semestre de 2016, achamos que as small caps podem começar a ganhar espaço, por conta de melhores demandas domésticas, como também por preços”, dizem.

Barsi 

Luiz Barsi, um dos maiores investidores pessoa física da Bolsa de Valores de São Paulo, está entre os céticos sobre a concretização do impeachment. Apesar disso, o economista disse, em entrevista a O Financista, que está de olho em oportunidades que não foram opções óbvias no último rali.

“A Klabin, por exemplo, a R$ 2,70 é uma opção de compra boa. Além disso, tem outros papéis que não evoluíram da forma que deveriam. Depois dessa limpeza que a Eletrobras promoveu nas estruturas do balanço e o livrou dos esqueletos, ela está mais livre para receber resultados mais positivos. A Eletrobras ON (ELET3) está muito barata a R$ 6,40 e R$ 6,30. Ou seja, não são Petrobras, Banco do Brasil ou Vale.”

 

O FINANCISTA

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