Notícia Publicada em 14/04/2016 17:50
Banco Central tentará evitar forte volatilidade, mas não irá segurar queda
SÃO PAULO – Mesmo com as intervenções recentes do Banco Central, o otimismo do mercado com o avanço do impeachment de Dilma Rousseff continua empurrando o dólar para baixo e a moeda pode chegar a R$ 3,20 na próxima semana, caso a Câmara vote a favor do processo no domingo (17).
“O Banco Central vai intervir menos [na próxima semana] e segurar menos o fluxo. Não faz sentido brigar com o mercado. O movimento pode levar a moeda a patamar entre R$ 3,20 e R$ 3,30”, afirma Bernard Gonin, analista macroeconômico da Rio Gestão de Recursos.
Fernando Bergallo, diretor da FB Capital, avalia que o mercado já vem antecipando o impeachment há muito tempo, trazendo o dólar de R$ 4 para a faixa de R$ 3,50 e, por isso, o movimento da próxima semana pode ser mais contido.
“Os fundamentos seguem inalterados ou piores. Enquanto se debate o impeachment ninguém se preocupa com economia e o efeito já está no preço. O piso deve ser R$ 3,20, não vejo menos que isso”, afirma Bergallo.
Para chegar a esse patamar, Bergallo esclarece que o ambiente internacional também deve estar favorável para a desvalorização do dólar na próxima semana e o provável governo transitório dando sinais positivos ao mercado financeiro.
Apesar de o mercado já ter colocado muito do impeachment no preço, Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Corretora, acredita que a confirmação do impeachment na Câmara dos Deputados deve levar o dólar para R$ 3.
Silveira acredita que muitos investidores, especialmente estrangeiros, estão esperando por essa confirmação para entrar no mercado brasileiro para aproveitar o momento de menor aversão ao risco do país para comprar títulos públicos e ações.
Com dólar a R$ 3 ou a R$ 3,20, os três especialistas consultados por O Financista avaliam que o Banco Central sequer tentará conter a moeda por meio de leilões de swap reverso, instrumento que equivale à compra futura de dólares. A atuação da autoridade monetária deve se limitar a tentar evitar excesso de volatilidade, apenas.
“Banco Central nenhum do mundo peita mercado”, diz Bergallo.
O FINANCISTA