Notícia Publicada em 17/03/2016 10:04
Processo de impeachment ganha importância após divulgação de conversa entre a presidente e Lula
SÃO PAULO – O movimento dos juros futuros expõe o otimismo dos mercados domésticos diante do agravamento da crise política envolvendo o governo federal. As taxas operam em queda após a Polícia Federal divulgar uma conversa entre Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silvaque alimenta suspeitas sobre a real motivação para sua nomeação ao Ministério da Casa Civil.
A gravação dá combustível para manifestações populares e de parlamentares que pedem a saída da presidente em meio ao andamento do processo de impeachment na Câmara.
Na conversa, Dilma afirma que enviou “termo de posse” a Lula para utilização em caso de necessidade, o que abriu margem para a interpretação de que a nomeação foi uma manobra para proteger Lula de eventual pedido de prisão pela PF.
O Planalto condenou a liberação do sigilo autorizada pelo juiz Sérgio Moro e disse que tomará as medidas judiciais cabíveis. Informações levantadas pelo site Uol indicam que o próprio Moro havia mandado suspender a interceptação das ligações antes do horário em que a conversa aconteceu.
Paira a dúvida sobre a legalidade da divulgação das conversas, mas o estrago político já está feito. “Do ponto de vista do governo, a aposta de que Lula no Planalto poderia, aos poucos, reduzir a fervura da crise, provou-se equivocada. Agravou-a substancialmente”, afirma a LCA Consultores.
Além disso, a consultoria avalia que ficará mais difícil Lula convencer nomes importantes – e que poderiam acalmar os mercados – para participar do governo, como o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Com o escândalo da gravação, ganha importância a sessão da Câmara que deve eleger ainda hoje os integrantes da comissão especial para analisar a possibilidade de abertura de processo de impeachment. “Estes episódios reforçam o nosso cenário básico de que a presidente Dilma não terminará o seu mandato, provavelmente pela via do impeachment”, diz a LCA, em nota.
Neste contexto, a taxa de juros negociada na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) com vencimento em janeiro de 2017 tinha queda de 13,77%, no fechamento do último pregão, para 13,73%. O contrato do juro para janeiro de 2018 recuava de 13,77% para 13,59% e a taxa para janeiro de 2019 caía de 14,24% para 13,93%.
O FINANCISTA