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A contínua perda de apoio do governo segue injetando otimismo no mercado doméstico diante da expectativa crescente com o impedimento de Dilma Rousseff. Com a suspensão da posse de Luiz Inácio Lula da Silva e a instalação da comissão de impeachment da presidente, que deve levar cerca de 45 dias para chegar a uma conclusão, a base de apoio do governo está minguando.
O PMDB acena para o afastamento da base aliada. O vice-presidente Michel Temer não compareceu à cerimônia de posse na manhã de quinta-feira (17) e mandou publicar no Diário Oficial a data em que o diretório nacional do partido definirá se a legenda rompe ou não com o governo. A reunião, que era esperada para 30 dias, foi antecipada para 29 de março.
“A relação já estava desgastada. Os recentes escândalos só fizeram o panorama piorar ainda mais”, explicou o deputado Hugo Motta, do PMDB, acrescentando que a ausência de líderes peemedebistas na nomeação de Lula teve como objetivo marcar essas diferenças.
Em entrevista a O Financista, Motta disse ainda que a falta de líderes como o vice-presidente, Michel Temer, foi uma maneira de punir o deputado Mauro Lopes que se tornou ministro de Estado Chefe Secretaria de Aviação Civil, “desrespeitando a instância partidária definida na última convenção nacional”.
Após a divulgação do áudio da conversa entre Dilma e Lula, o PRB anunciou que deixaria a base de apoio e deixou o cargo de ministro do Esporte à disposição da presidente.
“Decidimos sair por conta da crise política mesmo e da falta de condições de sustentar defesa do governo diante das bases. Nossos parlamentares não aguentavam mais ser hostilizados por apoiar esse governo”, lamentou o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira.
PP e PSD também estariam acenando para uma saída do governo nas próximas semanas. O deputado federal Jerônimo Goergen, do PP, disse que a maioria da bancada da legenda se opõe ao governo. Ele está mobilizando os deputados federais e senadores do partido no recolhimento de assinaturas em ofício solicitando que uma reunião de emergência seja convocada pela sigla. A pauta do encontro giraria em torno da entrega dos cargos e de uma eventual saída do PP da base do governo.
No total, já foram recolhidas 18 assinaturas de deputados federais e quatro de senadores, de 46 deputados federais no exercício do mandato e seis senadores. O noticiário negativo em torno do governo Dilma Rousseff também fez com o PSD intensificasse as discussões sobre possível desembarque do governo. O líder do PSD na Câmara, o deputado Rogério Rosso elevou o tom a favor do rompimento oficial com o governo petista. Ele classificou como gravíssima as gravações da conversa telefônica entre Dilma Rousseff e o ex-presidente, que aumentaram as suspeitas de que Lula só tenha sido nomeado para a Casa Civil para que ele passasse a ter foro privilegiado.
Diante dos novos acontecimentos, o impeachment vem se tornando o cenário-base do mercado financeiro. A Eurasia Group, consultoria especializada em cenários políticos, elevou de 65% para 75% as chances de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Neste contexto, o Ibovespa deve dar continuidade às suas altas após saltar de 6% no último pregão e chegar ao maior patamar desde julho de 2015. Já o dólar pode dar uma pausa nas quedas com o anúncio de menor intervenção do Banco Central nos negócios da moeda com a redução na rolagem de swaps.
No mercado internacional, as bolsas chinesas encerraram em alta com o dólar mais barato ajudando a diminuir as preocupações com a fuga de capital do país. As bolsas europeias e os índices futuros norte-americano na esteira da valorização de mais de 1% no preço do petróleo.
As bolsas europeias operam em alta com os preços do petróleo contribuindo bastante para o desempenho ao atingirem seus níveis mais elevados em 2016.
O poder e a economia
Crise política – O presidente do PSDB, Aécio Neves, não quer uma aliança com o PMDB em um eventual governo de Michel Temer após a saída da presidente Dilma Rousseff como resultado do sucesso do processo de impeachment, aponta o jornal Valor Econômico em sua edição desta sexta-feira (18).
Carta – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou uma carta aberta na noite de quinta-feira (17) em que disse não se conformar que frases ditas por ele em conversas pessoais grampeadas se tornem “objeto de juízos derrogatórios” sobre seu caráter, e afirmou acreditar na Justiça e no equilíbrio dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Atibaiagate – Foi encontrada uma minuta de escritura de compra do sítio em Atibaia, interior de São Paulo, pelos investigadores da operação Lava Jato durante a busca e apreensão. O vendedor seria Fernando Bittar, sócio de um dos filhos de Lula. A informação é dos jornais Folha de S.Paulo,O Estado de S. Paulo e Valor Econômico.
Imposto de renda – A presidente Dilma Rousseff sancionou com vetos lei que trata da incidência de imposto de renda no caso de ganho de capital em virtude de alienação de bens e direitos e da tributação de empresas coligadas no exterior na forma de empresas controladas.
OAB – O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Carlos Lamachia, afirmou hoje que há possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser ministro de Estado e, ao mesmo tempo, não ter foro privilegiado. Lamachia enfatizou que a questão será decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas ressaltou que há precedentes para fundamentá-la.
Joga pra lá – O governo transferiu a Secretaria do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Ministério do Planejamento para a Casa Civil, de acordo com decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União na quinta-feira (17), um dia depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumir a pasta. A posse de Lula, porém, está suspensa por liminar da Justiça.
Lula fica, Lula sai – O STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu ontem (17) dez ações contra a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Entre as ações protocoladas, partidos de oposição, como PSDB, PPS e PSB, tentam barrar a nomeação de Lula por entenderem que sua nomeação ofende o princípio constitucional da moralidade. Das dez ações, sete foram distribuídas para o ministro Gilmar Mendes. As demais estão sob a relatoria dos ministros Marco Aurélio e Teori Zavascki.
Impeachment – A comissão especial que vai analisar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff elegeu o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) como presidente do colegiado. Como relator, foi eleito o deputado Jovair Arantes (PTB-GO).
Cassação – O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro José Dias Toffoli, determinou nesta quinta-feira a unificação das quatro ações que pedem a cassação da presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer, informou o TSE em seu site. Todas as quatro ações no TSE apontam irregularidades na campanha eleitoral de 2014.
Ação decisiva – O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tony Volpon, acredita que uma “ação decisiva” da política monetária, combinada com o cenário externo mais favorável, levaria a uma retomada mais rápida de ancoragem das expectativas de inflação. Volpon, que tem sido voto dissidente nas últimas reuniões do Copom, disse ontem que, ao contrário do consenso de grande parte dos analistas, vê a reversão da tendência de alta do dólar no mercado internacional como um “incentivo para agir”.
Agenda – A presidente Dilma Rousseff participa de cerimônia de entrega de unidades habitacionais em Santana, na Bahia, nesta sexta-feira (18).
O que acontece no mundo corporativo
Acordo – A China COSCO Shipping Corporation e a Vale assinaram um acordo com duração de 27 anos para que a gigante chinesa transporte 16 milhões de toneladas de minério de ferro para a mineradora brasileira por ano.
Uruca – A plataforma de óleo e gás P-48, da Petrobras, localizada no campo de Caratinga, na Bacia de Campos, teve a produção interrompida, sem previsão de retorno, após um incêndio sem vítimas ocorrido nesta quinta-feira.
Em casa – A Kinea, empresa de investimentos do Itaú, concluiu a captação de R$ 380 milhões para seu fundo imobiliário, o Kinea Rendimentos (KNCR11), que passa a administrar, agora, R$ 1,45 bilhão, tornando-se um dos maiores fundos imobiliários listados na BM&FBovespa.
Mudanças – A Telefônica Brasil terá um novo diretor financeiro e de relações com investidores. Sai Alberto Aguirre e entra David Sanchez-Friera, que ainda depende das devidas autorizações legais para trabalhar no país. Enquanto isso, o presidente da empresa, Amos Genish, responderá pela função.
Resposta – A hidrelétrica de Belo Monte, que está em construção no Pará, tem o orçamento “rigorosamente dentro do previsto” e não há “sequer uma evidência de irregularidades na execução da obra”, afirmou a Norte Energia, responsável pela usina, após o senador Delcídio do Amaral ter dito em sua delação que houve propinas no empreendimento.
Comprar ou vender?
De olho na grana – A Citi Corretora alterou as estimativas para as ações da Vivo (VIVT4), elevando o preço-alvo para R$ 40 por ação, ante R$ 36,20. A recomendação para o papel é neutra. De acordo com o relatório, a empresa acredita que continuará a prosperar por conta de segmentos de alto valor adicionado – dados móveis, banda larga, TV paga e mercado corporativo.
Escalação – Para o BTG Pactual, a situação política no Brasil é “altamente imprevisível”. Por isso, o banco mantém exposição limitada ao país em seu portfólio de ações para América Latina. A instituição mexeu em algumas peças em sua “seleção de craques da bolsa”. A Embraer (EMBR3)deu lugar a ação de BB Seguridade (BBSE3) e agora, juntamente com Suzano (SUZB5) eTransmissão Paulista (TRPL4), representam os papéis brasileiros no time.
Novo passo – Afetado pela retirada gradual dos incentivos federais, aliado à deterioração da economia, o setor educacional agora deve buscar a rentabilidade na evolução da educação a distância, avalia o BTG Pactual em um relatório de início de cobertura das principais ações do segmento na Bolsa: Kroton (KROT3), Estácio (ESTC3) e Ânima (ANIM3).
Para comentar mais tarde
Grana Preta: Como ainda aproveitar o rali do impeachment? Como ainda aproveitar o rali do impeachment? Os analistas da Empiricus Research, Felipe Miranda e Rodolfo Amstalden, falam sobre os recentes movimentos da Bolsa e sobre os rumos da economia em um eventual novo governo na edição desta semana do programa Grana Preta. Veja aqui.