Quase 300 veículos foram retirados de circulação por dívidas da empresa.
Frota reserva foi colocada em operação, mas passageiros citam transtornos.

Após a apreensão de 295 ônibus da empresa Rápido Araguaia, em Goiânia, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (SET) teve de acionar a frota reserva das empresas que compõe a concessão para evitar maiores transtornos. Com isso, cerca de 250 veículos foram colocados em circulação na manhã desta segunda-feira (21). Apesar disso, os usuários reclamam da superlotação nos veículos e do maior tempo de espera.
A vendedora Maria Santana diz que aguardou por mais de uma hora em um ponto de ônibus do Parque Amazônia para chegar ao Setor Campinas. “A população não pode pagar o pato. Pegamos a tarifa. Hoje o que pagamos pela passagem é mais que um litro da gasolina. Temos nossos compromissos”, reclamou.
Já a cabeleireira Sônia Gomes diz que perdeu duas clientes no salão que trabalha em função da demora dos ônibus. Ela diz que um veículo lotado passou depois de quase uma hora de espera e não parou no ponto. Ela se indignou “que absurdo, eu não tenho nada a ver com a dívida da empresa, pago minha passagem”, disse.
A apreensão dos ônibus aconteceu na manhã de sábado (19), em cumprimento a um mandado judicial. O presidente do SET, Décio Caetano, explicou ao G1 que a medida ocorreu em função uma dívida de aproximadamente R$ 3,5 milhões da Rápido Araguaia com o Banco Volkswagen.
De acordo com o sindicato, a empresa está com um atraso de sete parcelas no pagamento do financiamento de ônibus adquiridos em 2009, que estava previsto para ser liquidado em junho de 2016.
Por conta da dívida, o banco entrou com uma ação contra a Rápido Araguaia na Justiça de São Paulo. A decisão a favor da instituição financeira foi expedida na noite de sexta-feira (18), com carta precatória para ser cumprida em Goiás.
A empresa de ônibus entrou com um recurso no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) ainda no sábado, mas ele foi negado, já que a ação corre em São Paulo. Com isso, representantes da empresa fizeram o novo pedido junto a Justiça paulista. O resultado da análise ainda não foi divulgado.
Enquanto isso, os veículos apreendidos estão guardados no estacionamento de uma empresa especializada em leilões do Setor Santo Antônio, em Goiânia.
Cabeleireira Sônia Gomes ficou revoltada após ônibus lotado passar direto
(Foto: Murillo Velasco/G1)
Em nota, a Rápido Araguaia informou que “o atraso de sete parcelas no pagamento do financiamento de ônibus adquiridos em 2009, que estava previsto para ser liquidado em junho de 2016, ocorreu em função da crise financeira. A empresa alega que teve um aumento dos custos, em função da redução do número de passageiros, e em função da redução do número de viagens, causadas pelo maior tempo no trânsito”.
Sendo assim, a companhia afirma que teve problemas financeiros e, por isso, “ficou inadimplente, mas vai resolver a situação em breve”.
Já a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) informou que solicitou informações à Rápido Araguaia informações sobre o processo e sobre a situação financeira da companhia. Além disso, a assessoria de imprensa do órgão confirmou ao G1 que o uso da frota reserva deverá ser mantido até a situação seja resolvida.
Demora
Nos terminais e pontos de ônibus o maior intervalo dos ônibus foi percebido pelos usuários. Além disso, eles dizem que os veículos estão mais lotados, o que ocorreu principalmente durante o horário de pico da manhã.
No Terminal da Praça A, por exemplo, os veículos costumam partir em dias de semana de seis em seis minutos. Nesta manhã, o tempo de espera chegava a 15 minutos.
“Tive que esperar três ônibus passar para conseguir entrar, pois eles estavam muito cheios. Agora que estou no terminal, está um pouco mais demorado para sair”, disse um passageiro, que não quis se identificar.
A assessoria de imprensa do SET destacou que o uso da frota reserva vai ser suficiente para garantir a operação do transporte coletivo na Grande Goiânia, mas admitiu que pode haver demora ou superlotação nos horários de pico.
Vendedora Maria Santana diz que esperou mais de 1 hora por ônibus, em Goiânia
(Foto: Murillo Velasco/G1)
G1.COM.BR
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