Rede Record pensa em não repassar o Recnov para a produtora Casablanca

 

O que será?

Com o término de “Os Dez Mandamentos” na noite de hoje, fica a expectativa do que será do RecNov já a partir de amanhã.

Lá atrás, foi acertado que, com o encerramento da novela, o complexo passaria automaticamente para a Casablanca. Na semana passada, surgiram informações de que pode não ser bem assim.

 

Flávio Ricco com colaboração de José Carlos Nery

Rede Record vai precisar de um caminhão de dinheiro para fechar conta de novelas

Ramsés (Sérgio Marone) ouve Nefertari (Camila Rodrigues) dizer a Karoma (Roberta Santiago) que ainda ama Moisés (Guilherme Winter). A rainha se desespera ao notar a presença do faraó. O rei expulsa Karoma do quarto e se mostra decepcionado com a mulher amada. Nefertari tenta se justificar, mas o soberano egípcio acaba perdendo a cabeça e lhe acerta um tapa na cara. A cena está prevista para ir ao ar na próxima quarta-feira (28)
Munir Chatack/TV Record

Não sei, sinceramente, se alguém na Record já parou e fez essa conta, mas admitindo-se que será historicamente possível inventar uma parte 2 de “Os Dez Mandamentos”, com 50 ou 60 capítulos, qual será o preço disso, considerando-se que quase ao mesmo tempo haverá também a obrigatoriedade de se produzir e até iniciar as gravações de “A Terra Prometida”, que entrará imediatamente a seguir?

Esta é uma questão que, além de tempo, envolve dinheiro. E muito dinheiro. Para começar, toda e qualquer novela de época, independente de qual seja, tem sempre um custo de produção superior às demais, com a confecção de figurinos, cenários e outros bem específicos objetos de cena.

Não bastasse tudo isso ou como outro agravante, em se tratando de um conteúdo religioso, a sua capacidade comercial se torna ainda mais limitada. Faturar com merchandising, por exemplo, não será possível de jeito nenhum.

Raciocinando apenas dentro dos aspectos colocados, tudo nos leva a concluir que só mesmo por milagre será possível fechar uma fatura desse tamanho. Vai ser necessário quase um caminhão de dinheiro para enfrentar tão altas despesas.

 

Flávio Ricco com colaboração de José Carlos Nery

SporTV tem embate nos bastidores

Milton Leite, narrador do SporTV

 

Chega a informação de que o clima está muito ruim no SporTV, em São Paulo, por causa de um desentendimento do narrador Milton Leite com o chefe de redação Carlos Cereto. Logo os dois, que já foram grandes amigos e parceiros em várias jornadas.

Em função desse ambiente tenso, por via das dúvidas, desde a última semana o CG, Carlos Gomes, que foi da Band e hoje está no Combate, já está a postos para assumir a chefia dos trabalhos no caso de alguma eventualidade.

Não por acaso, durante todos esses últimos dias, se tornou muito mais assídua a sua frequência na redação do SporTV.

Ainda no campo esportivo da nossa televisão paga, inexplicável a ausência do comentarista titular Paulo Vinícius Coelho na transmissão de Real Madrid e Barcelona, sábado, no Fox Sports. Rodrigo Bueno foi escalado para aquele que deveria ser o seu lugar.

Dizer que o PVC não poderia ficar longe da programação esportiva regular, entre 3 a 5 dias por causa da viagem é uma explicação que não cola.

 

Flávio Ricco com colaboração de José Carlos Nery

Fórmula Indy corre risco de não entrar na “pista” da Band no ano que vem

Não se tem nenhuma notícia ainda se a Fórmula Indy voltará ou não à programação da Band em 2016, depois de todos os problemas ocorridos neste ano.

Toda e qualquer decisão só deverá ser tomada às vésperas da próxima temporada.

Vale lembrar que em 2016 teremos a 100ª edição das 500 Milhas de Indianápolis.

A prova será realizada no dia 14 de maio e uma série de solenidades começa a ser programada desde já para a ocasião. A ideia é transformar este evento na maior festa do automobilismo mundial.

 

Flávio Ricco com colaboração de José Carlos Nery

Um baque para a esquerda latina

Mauricio Macri, candidato da oposição, durante votação neste domingo em Bueno Aires

 

A vitória de Maurício Macri nas eleições para a presidência da Argentina (acima, ele ao votar) põe fim a 12 anos conhecidos como Era Kirchner, um período em que o país se transformou numa espécie de paraíso da heterodoxia econômica, misturada ao populismo típico dos peronistas, à progressiva irrelevância no cenário internacional e a tentativas frequentes – embora nem sempre bem-sucedidas – de controlar o Judiciário e a imprensa. Trata-se, também, de um baque para a esquerda latino-americana, acostumada a ídolos populistas e a ver os “hermanos” como aliados no combate ao “imperialismo ianque”.

Se você anda chocado com o resultado cada vez pior da política econômica implantada no governo da presidente Dilma Rousseff, é bom lembrar que nada se compara a Cristina Kirchner. O efeito Orloff – piada baseada naquela propaganda de vodca cujo slogan era “eu sou você amanhã” – aparentemente continua valendo: os argentinos estão anos adiante do Brasil no caminho da bancarrota. Basta lembrar que a Argentina vive há mais de dez anos na tal “nova matriz econômica”, aquela que preconiza mais gastos públicos para fazer a economia crescer, foi implantada no primeiro governo Dilma e é defendida até hoje pelos economistas heterodoxos e pelos desinformados nas páginas dos nossos jornais.

Lá, o resultado disso foi o previsível. A inflação é estimada em 25% – estimada porque os índices oficiais não são confiáveis desde que o governo interveio no IBGE argentino, o Indec, para manipular os cálculos. O país não sabe direito o que é crescimento econômico desde 2012, ano que marca o esgotamento no ciclo de alta no preço de commodities globais como soja e petróleo. A classe média portenha flerta com a pobreza há anos, e a miséria se espalha pelas províncias mais pobres, onde boa parte da população é sustentada pelas políticas sociais do governo. Cerca de 40% da população argentina recebe uma pensão, salário ou benefício do Estado, parcela que dobrou desde Cristina assumiu o poder em 2007.

Déficit público, porém, é com a Argentina mesmo. O resultado fiscal como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) vem piiorando ano após ano pelo menos desde 2008 – de um superávit de 1% para um déficit de 6% este ano. O dólar no câmbio paralelo, ou “dólar azul, como é chamado por lá, tinha, até as eleições, uma cotação 70% superior ao câmbio oficial. As reservas cambiais estão perto do fim. Não há acordo para a renegociação da dívida externa, pois vários credores não aceitaram os termos do calote dado por Cristina. Com isso, a Argentina não tem crédito na praça.

Ao longo de 12 anos, o populismo introduziu no léxico argentino um vocabulário próprio – os “abutres” (fundos que não aceitam os termos de renegociação), a “década ganha” (cínico apelido dado por ela à Era Kirchner), a “mesa dos argentinos” (outra expressão cínica usada para justificar o controle das importações, de modo a privilegiar a produção local), além de tiradas como “medir a pobreza estigmatiza” ou “matriz produtiva diversificada com inclusão social”. Todo esse linguajar acabava se resumindo a uma única letra: K, de Kirchner.

Com a eleição de Macri, a Argentina deverá adotar um alfabeto mais plural e um novo vocabulário. Ele é o primeiro presidente não oriundo nem da ala peronista nem da radical, que dominam a política argentina há décadas. Sua chapa, a Cambiemos, foi eleita com base em uma plataforma de tons liberais, contrária ao controle do comércio ou dos capitais. Deverá promover mudanças pró-mercado, como o fim do controle cambial. Mas Macri já afirmou que não mexerá nos programas sociais, nem reverá nacionalizações, como as dos fundos de pensão e da petrolífera YPF.

A principal mudança deverá ser a adoção de uma postura mais insitucional diante da imprensa e do poder Judiciário. Ele não tem o perfil bolivariano do casal Kirchner. Na política externa, é esperado o afastamento da Argentina do eixo formado por Venezuela, Bolívia e Equador. Tanto Macri quanto o derrotado Scioli disseram que gostariam de voltar a se aproximar mais dos Estados Unidos. É um movimento que também tende a beneficiar o Brasil. É, por fim, absolutamente inverossímil que Macri se enrole tanto quanto Cristina se enrolou numa investigação policial – prestes a denunciar Cristina por acobertar o papel do Irã em dois atentados terroristas em Buenos Aires, o promotor Alberto Nisman foi encontrado morto em condições misteriosas.

Filho de um empresário, Macri foi vítima de um sequestro violento em 1991, que só terminou quando seu pai pagou o resgate de US$ 6 milhões. Por 12 anos, até 2007, era famoso como o presidente do time de futebol Boca Juniors. Jamais foi conhecido pelo carisma, pelo bom humor ou pelo dom para a oratória. Entrou na política como deputado, depois foi eleito prefeito de Buenos Aires. Fez várias melhorias na infra-estrutura da cidade, tanto em transporte quanto em habitação, além de implementar reformas no Banco Ciudad, controlado pelo município.

Sua maior dificuldade para governar será interna. Apenas 4 dos 22 governadores eleitos em outubro passado podem ser considerados seus aliados. A coligação de Macri terá uma maioria apertada na Câmara de Deputados, e o Senado será controlado pelos kirchneristas por uma margem ampla. Não se sabe qual será também a reação de Cristina após a derrota de seu candidato, Daniel Scioli.

Tanto Scioli, 58, quanto Macri, 56, fazem parte de uma nova geração na política argentina. Ambos estavam ainda na adolescência nos anos de chumbo da ditadura. Não viveram a radicalização que fraturou o país. Só vieram a se interessar por política muito depois, quando a Argentina já era uma democracia. “A geração pós-democrática, cujos integrantes pertencem a distintos partidos, tem uma forma distinta de se relacionar com a política”, escreve no jornal “La Nación” o colunista Joaquín Solá. “Bem-vindos. Estava na hora de que chegasse uma geração que não tivesse a necessidade de explicar o mundo como uma conspiração e sem líderes ungidos em semi-deuses.” O mesmo vale para o Brasil.

 

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