A foto do presidente da Fifa, Joseph Blatter, em meio a uma chuva de dinheiro jogada por um comediante inglês, na abertura do congresso da entidade, em Zurique, não poderia ser mais expressiva. Resume, de forma irônica e dramática, a situação atual do futebol mundial – envolvido até o pescoço em corrupção, lavagem de dinheiro, subornos e propinas de toda sorte e espécie
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Garantindo que sairá apenas no final de fevereiro, data em que finalmente foram marcadas as próximas eleições, alguém tem dúvida de que nesses oito meses que ainda faltam o atual dirigente manobrará à vontade para ocultar o que for possível da imensa podridão que tomou do velho e violento esporte bretão?
O mais grave é que o modelo de depravação no mundo da bola fez escola por todo o planeta. As investigações do FBI mostram claramente que a coisa se disseminou mortalmente, como uma infecção generalizada. Diante disso é difícil crer que apenas a mudança de nomes resolverá o drama.
Vide o que aconteceu aqui, na troca de Ricardo Teixeira por José Maria Marin e posteriormente deste por Marco Polo del Nero. Não adianta substituir pessoas. É preciso mudar o sistema. Mas, falando sério, a quem (dos poderosos mundo afora) interessa isso?
Renato Maurício Prado – O GLOBO – 21 de julho de 2015