Zagueiro começa a Copa América como reserva, recupera espaço, mas é personagem decisivo na eliminação do Brasil contra o Paraguai

Um ano. E a vida de Thiago Silva na seleção brasileira mudou completamente. De titular incontestável e capitão ideal, o jogador termina a Copa América com novos arranhões. Não bastasse o desequilíbrio emocional que mostrou durante a Copa do Mundo no Brasil, protagonizou mais um lance infeliz no jogo que definiu a eliminação brasileira no Chile. Neste sábado, na partida das quartas de final contra o Paraguai, o zagueiro foi o responsável direto pelo empate do adversário no tempo normal. Na decisão por pênaltis, outra vez não apareceu na lista dos batedores. Apesar de ter recuperado um lugar no time durante a campanha, deixou o Chile em baixa. Se a ideia era refazer sua imagem na Seleção, não deu certo desta vez.
Thiago começou a Copa América como reserva. Em 5 de junho, ainda durante a preparação na Granja Comary, em Teresópolis, reconheceu em entrevista coletiva um certo desconforto por estar no banco. Mas não criou polêmica. Aceitou a escolha de Dunga e mostrou-se disposto a recuperar espaço.
O jogador do PSG da França sabia que numa nova competição oficial ele e o time precisariam mostrar mais do que fizeram no Mundial e tinha a exata dimensão do tamanho da desconfiança dos torcedores.
– A mentalidade de todos era ganhar a Copa do Mundo, mas no futebol as coisas mudam muito rápido. Ficamos marcados de uma maneira que nenhum brasileiro gostaria, mas tudo que aconteceu nos dá mais motivação para tentar novamente o respaldo do torcedor. Ficamos devendo. Mesmo se ganharmos a Copa América, não vai apagar a Copa do Mundo que fizemos – afirmou.
Titular absoluto no seu clube, Thiago Silva passa por um inferno astral na Seleção. Antes da Copa do Mundo no Brasil começar, estampou capas de revistas com a braçadeira de capitão do time de Luiz Felipe Scolari, colocou o Brasil na condição de favorito ao título e tornou-se um dos símbolos do fracasso daquele grupo.
Dois lances marcaram a participação do zagueiro naquele Mundial. Nas oitavas de final, caiu no choro pouco antes da decisão por pênaltis contra o Chile. A imagem do capitão do Brasil aos prantos foi parar no telão e assustou quem estava no Mineirão. Ainda naquele jogo, Thiago pediu para ficar no fim da fila dos batedores da Seleção. Não sentia confiança. Nas quartas de final, tomou um cartão amarelo bobo e ficou fora da semifinal contra a Alemanha.
Na volta à Seleção, perdeu a braçadeira. Dunga escolheu Neymar como novo líder. Thiago mostrou-se insatisfeito publicamente, gerou um clima ruim, mas a polêmica passou. Com a suspensão de Neymar na Copa América, o defensor até poderia ter recuperado a faixa, mas Dunga optou por Miranda.
Thiago Silva ao cometer pênalti diante do Paraguai (Foto: AP)
Thiago começou a competição sul-americana na reserva de Miranda e David Luiz. Mas apenas contra o Peru. Já na segunda rodada, contra a Colômbia, voltou a ser titular no lugar do seu companheiro de PSG. Na vitória por 2 a 1 sobre a Venezuela, fez até gol. Foi ele quem abriu o placar. Acabou a primeira fase como único jogador do Brasil na seleção da Copa América.
Veio o jogo decisivo contra o Paraguai pelas quartas de final, o Brasil não conseguiu avançar, e Thiago se despediu com polêmica outra vez. Aos 24 minutos do segundo tempo, o jogador subiu para disputa com Roque Santa Cruz e Daniel Alves, perdeu o tempo da bola, e tocou a bola com a mão. O árbitro não teve dúvidas e assinalou a penalidade, convertida por Derlis González. O Paraguai empatou a partida e levou a decisão para os pênaltis. Apesar da infração ter sido incontestável, o defensor se defendeu na saída do estádio Ester Roa.
– Não me lembro de ter tocado a mão na bola. Perguntamos ao árbitro e ele falou que não sabe quem tocou. Sabe que foi alguém, mas não sabe quem. O Dani (Alves) perguntou por que ele marcou o pênalti e ele também não soube explicar. Saiu de lado e não deu explicação nenhuma. Bem sincero, eu não me lembro de tocar a mão na bola – disse ao SporTV.
Na decisão por pênaltis, outra vez não esteve entre os cinco batedores do Brasil. Mais jovens e com muito menos tempo de Seleção, Douglas Costa, que perdeu sua cobrança, e Philippe Coutinho, que converteu, cobraram. Thiago Silva vive um momento de desgaste na Seleção. Não é só o time que precisa refazer a imagem. O zagueiro também.
GLOBO ESPORTE.COM
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