Autor do primeiro gol do jogo desta noite, o zagueiro Charles comemorou muito com os companheiros .
Foto: Christian Alekson / cearasc.com
Que os clubes precisam se livrar do jugo maldito das federações, autênticas sanguessugas do nosso esporte, não é novidade para ninguém com mais de dois neurônios. A do Rio, então, é um exemplo perfeito disso. Um dado novo, entretanto, surgiu para comprovar, com fatos reais e palpáveis, como a vida pode ser bem melhor longe desses autênticos donos de sauna, que comandam o velho e violento esporte bretão, no Brasil, ganhando fortunas com o suor alheio e infernizando os torcedores, jogadores, dirigentes bem-intencionados etc.
Falo, é claro, da Liga do Nordeste, carinhosamente apelidada (creio que por Xico Sá) de “Lampions League”. A constatação que se segue foi feita pelo amigo e velho companheiro Carlos Orletti em seu Facebook. Assino embaixo:
“Curioso: o campeonato de futebol de maior êxito no Brasil em 2015 não é organizado por federação estadual, tampouco pela CBF. A Copa do Nordeste terminou com 63.903 torcedores na final vencida pelo Ceará por 2 a 1 sobre o Bahia. É o maior público do ano no pais. A competição é feita por uma liga, a Liga do Nordeste. Essa coisa de liga bem que poderia ser uma alternativa a tudo isso que está aí”.
Não somente poderia, como deveria, meu bravo Orletti. O sistema atual está caindo de velho e de podre. Não temos mais craques por aqui e poucos são os ótimos jogadores ainda em atividade no Brasil. No Rio, então, nem se fala.
Há alguns anos, já prevendo essa triste debandada, escrevi uma coluna intitulada “Bengalas e chupetas”. Referia-me, claro, à constatação de que os nossos bons valores iam cada vez mais cedo para o exterior e os craques que retornavam, na verdade, já tinham virado refugo por lá. Em suma, nossos times eram formados ou por jovens de chupeta na boca ou velhos de bengala na mão. Os que não se enquadravam em nenhuma das duas categorias, pertenciam a uma terceira: a dos pernas-de-pau. E de lá pra cá, a coisa só piorou.
Como os clubes vão conseguir se reerguer, sendo obrigados a jogar estaduais ridiculamente inchados e absurdamente extensos, nos quais 70% dos jogos são deficitários? Como terão dinheiro se os custos dos estádios são altíssimos e as cotas cobradas pelas federações abusivas – no caso do Rio (10% da arrecadação BRUTA), escorchantes?
Já passou a hora do Independência ou Morte. E, nem tudo é notícia ruim, afinal, a dupla Fla-Flu já se deu conta disso. Que se mantenha firma na luta, apesar das perseguições covardes e mesquinhas que tem sofrido da parte dos cartolas que não querem largar o osso, mesmo quando este já faz parte de um pútrido esqueleto.
Renato Maurício Prado – O GLOBO – 30/04/2015
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