No momento em que Luiz Felipe Scolari começa a ser questionado e até ironizado no Grêmio (clube no qual se consagrou como treinador e onde era considerado uma espécie de semideus), talvez seja a hora de repensar o futuro, optando pela aposentadoria ou, no mínimo, um período sabático de reciclagem.
Aconteceu recentemente com Tite, que esperava ser o técnico da seleção, após a saída de Mano, mas acabou preterido exatamente por Felipão. A partir de sua volta, no Corinthians, tem sido possível perceber uma notável evolução no trabalho e nos seus conceitos sobre o futebol.
Fenômeno semelhante parece ter ocorrido com Vanderlei, que amargou uma série seguida de fracassos e, por conta deles, passou também um tempo desempregado. O Luxemburgo que se vê, atualmente, no Flamengo, é outro — muito mais parecido com aquele que ganhou cinco títulos brasileiros.
Voltando a Scolari a última novidade foi abandonar o campo antes do final do jogo, numa atitude insólita, em uma derrota. Por conta disso, não faltou quem comentasse, ironicamente:
— Por que ele não agiu assim ao tomar de 7 a 1, na Copa? — disparou um cartola do clube.
As desastrosas e sucessivas passagens de Felipão pelos lugares onde mais teve sucesso (Palmeiras, Seleção e Grêmio) indicam um declínio e uma estagnação assustadores no pensamento e na maneira de trabalhar. O que ele precisa fazer, com urgência, é o que deveria ter feito após protagonizar o maior vexame do futebol brasileiro em todos os tempos. Dar um tempo e refletir se vale a pena continuar. Se esta for a opção, que pelo menos se atualize, pois só museu vive do passado.
Renato Maurício Prado – O GLOBO – 22/02/2015