Está previsto para o dia 15, mas falta a presidente assinar. O acréscimo de etanol na gasolina passará para 27 ante os atuais 25 por cento. Ouvimos entidades e especialistas para ver o que isto acarreta no bolso e no veículo.
A nova mistura, que vinha sendo debatida e testada há meses, deverá vigorar a partir de 15 de fevereiro. Sem dúvida, a pergunta que fica atrás da orelha: é saudável a elevação ou não?
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a Anfavea, é contra a elevação por considerar que os motores dos veículos no Brasil não estão preparados para a mudança. Segundo a entidade, o aumento poderá levar a um acréscimo das emissões de poluentes em cerca de 75%, e das de aldeídos (gases), em 20%. Já o consumo de veículos movidos somente a gasolina subiria 3%.
Outro problema é que a indústria teme problemas de corrosão e menor durabilidade das peças, o que causaria insatisfação maior dos compradores de veículos.
‘Nesse caso, para quem tem carro só a gasolina, a entidade recomenda que se abasteça só da gasolina premium, já que tem uma maior octanagem e mantém os 25 por cento de álcool na gasolina. Porém, o problema seria encontrar um posto que ofereça, pois nem todos os posto têm esta oferta. No bolso, acarretaria um aumento de R$ 0,70 por litro.
Quem coloca 35 litros por semana, seriam R$ 24,50 a mais. Mensalmente, R$ 98.
Diferente da Anfavea, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) concorda com a decisão do Governo Federal de implementar inicialmente a mistura de 27% de etanol na gasolina. No entanto, a Abraciclo reafirmou a necessidade de realização de testes de durabilidade, capazes de detectar o desgaste de peças e componentes das motocicletas com a maior utilização do etanol na gasolina, a fim de obter uma avaliação mais precisa sobre os efeitos da nova mistura.
Para Adones de Oliveira, engenheiro mecânico da Unifor, o incremento de maior volume de etanol à gasolina irá proporcionar alterações nas reações do motor sim devido a vários fatores: a temperatura de funcionamento, o rendimento da lubrificação das partes móveis, a performance da vela de ignição, a reação química com os materiais de construção de partes do motor, “entre outros aspectos que sofrerão impactos negativos, até que sejam adotadas as devidas ações técnicas para receber a mistura divulgada”, ressalta o profissional.
Desvantagens
De acordo com ele, como todo o processo, existem os pontos positivos e negativos, ou seja, vantagens e desvantagens. “Bem, além dos pontos negativos já citados, pode-se afirmar: o aumento do consumo de combustível, a redução da qualidade em padrões globais, da nossa gasolina a qual tem apresentado incompatibilidade com os motores dos veículos importados”.
Vantagens
Ele avalia que a vantagem paira sobre os aspectos ambientais, já que o etanol polui menos, e também sobre a economia do agronegócio da cana- de-açúcar que poderá dar uma melhor aquecida”.
Na sua visão, sendo o Brasil uma potência na cana-de-açúcar, o etanol nunca “decolou” de vez devido ao custo da produção e da distribuição do álcool. “Outro fator é o aumento de 30% no consumo de combustível, quando se abastece com álcool”.
Para ele, as dicas para preservar e dar uma longa vida ao motor em termos de combustível é “calcular o consumo em km/l e procurar abastecer regularmente em postos conhecidos que apresentem o maior rendimento no consumo”.
Para Alyson Goes, supervisor de pós venda da Saga, veículos equipados com motorização flex não terão prejuízo algum, “já os a gasolina terão, por conta da liga de alumínio presente nos pistões dos motores que podem sofrer alteração por conta da compressão devido a mistura”, detalha ele.
Para Godofredo Souza, gerente de pós venda da Nacional VW, as dicas para dar uma longa vida ao motor é que “o uso do álcool mantém o motor mais limpo, dispensando manutenção corretiva ((limpeza interna do motor) e contribui com o meio ambiente”.
Dicas importantes
Variação: intercalar os abastecimentos entre gasolina e etanol para veículos é sempre um bom caminho para quem tem motor flex
Não flex: para quem tem motor só a gasolina o recomendado é utilizar a gasolina aditivada
Procedência: abastecer regularmente em postos conhecidos é sempre um bom conselho, pois caso tenha um problema com a gasolina “batizada” poderá reclamar depois
Procura: Sempre que notar um barulho é bom procurar um profissional para avaliar. Ele indicará trocas e fará os procedimentos necessários para que o seu motor continue girando de forma saudável
Jota Pompílio
Repórter
Diário do Nordeste – Auto – 11/02/2015