A grande conquista do Corinthians leva a uma reflexão sobre como foi construída a estrada que começa no rebaixamento, em 2007, e chega ao título Mundial, cinco anos depois. Ponto chave dessa escalada é a contratação de Ronaldo, no fim de 2008, após o Timão ter voltado à Série A, como campeão da B. A chegada do Fenômeno, que treinava sem entusiasmo no Flamengo, foi um marco.
A partir dali, o corintiano recuperou a autoestima, o clube passou a faturar barbaridades com contratos de marketing apoiados na imagem de Ronaldo e os títulos reapareceram.
Já em 2009, o Corinthians venceu o Paulista e a Copa do Brasil. Em 2011, é verdade, pagou o mico de ser eliminado pelo Tolima, na pré-Libertadores, mas ganhou o Brasileiro, classificando-se novamente para a principal competição sul-americana, que enfim conquistou em 2012, bem como o mundial interclubes. Uma sequência espetacular.
Relembro o caminho porque em 2009, ano em que Ronaldo começou a ajudar o Coringão a pavimentar sua trilha até à glória, Adriano caiu do céu para o Flamengo que, graças a ele e a um incrível canto de cisne de Petkovic, acabou faturando o seu sexto título brasileiro.
No embalo dessa conquista, assim como os corintianos, os rubro-negros também conseguiram ótimos contratos de patrocínio na camisa e viviam em lua de mel com o novo fornecedor de material esportivo. Por que os paulistas conseguiram seguir na trajetória de sucesso e os cariocas não?
Atribuir todo o sucesso seguinte a Ronaldo e todo peso do fracasso a Adriano é simplificar a questão. Até porque, em 2010, o desempenho do Fenômeno entrou em declínio e o título brasileiro de 2011 já aconteceu sem ele. Enquanto isso, depois que Adriano se foi, chegou à Gávea, ninguém menos que Ronaldinho Gaúcho! Onde, então, o Flamengo se desviou do caminho do sucesso enquanto o Corinthians conseguia se manter nele?
Um bom indício da diferença do comportamento entre os dois clubes pode ser percebida no número de técnicos que cada um teve no mesmo período. O Timão, três: Mano Menezes, que ganhou o Paulista e a Copa do Brasil de 2009 e saiu para a seleção brasileira no meio do ano seguinte, Adílson Batista (que durou pouquíssimo) e Tite, que assumiu e apesar da desclassificação diante do Tolima, foi mantido e, na sequência, se tornou campeão brasileiro, da Libertadores e Mundial. Já no Mengão foram cinco treinadores! Andrade, Rogério Lourenço, Silas, Vanderlei, Joel e Dorival. Em resumo: seis a três. Goleada de incompetência do Fla…
O panorama se repete quando são comparados os desmandos administrativos rubro-negros (com uma direção de futebol frouxa e perdida o tempo todo e um marketing incapaz de obter um patrocínio master, em três anos) e a eficiência do alvinegro paulista em buscar parceiros (até no poder, leia-se, o presidente Lula).
Deu pra entender porque um gigante despencou e o outro disparou, ganhando títulos e, de quebra, um estádio novinho em folha? Serão os empresários da vitoriosa chapa azul capazes de reverter tal quadro? É o que a imensa “nação rubro-negra”…
Coluna redigida pelo jornalista Renato Maurício Prado para o jornal carioca O GLOBO no dia 18 de dezembro de 2012