Não há como deixar de considerar golpe o que aconteceu na sexta-feira à noite no Conselho de Administração do Flamengo, na Gávea.
À fria luz do estatuto do clube, nenhuma das três chapas que corriam riscos de impugnação poderia ter sido validadas. Nem a de Patrícia Amorim, que até hoje não teve aprovadas as contas de 2011, nem a de Jorge Rodrigues, que, através de sua empresa (Triunfo), é patrocinador do time de futebol, nem a de Wallim Vasconcelos, que não tem cinco anos consecutivos de vida associativa desde que voltou a ser sócio.
As três chapas, contudo, já tinham sido analisadas e aprovadas nas comissões jurídica e eleitoral do Flamengo. O correto, portanto, seria que fossem aceitas no Conselho de Administração e disputassem, nas urnas, a presidência no triênio de 2013 a 2015.
Mas aí houve o golpe. As chapas de Patrícia e Jorge foram aprovadas, sem sustos (não custa lembrar, foi a atual diretoria quem indiciou 48 dos 100 membros do conselho)e as candidaturas de Wallim e Rodolfo Landim, impugnadas.
Por que? Pelo simples fato de que Wallim era visto como a maior ameaça à reeleição da atual mandatária. Além do apoio maciço da torcida, já contava com crescente simpatia entre os sócios e as pesquisas indicavam que era o favorito da oposição.
Diante disso, a tropa de choque da situação jogou pesado para tirar do caminho o maior obstáculo à reeleição de Patrícia Amorim.
A guerra, porém, ainda não acabou. A chapa “Flamengo campeão do mundo” apenas trocou de candidatos e o administrador de empresas Eduardo Bandeira de Mello, de 59 anos e há 35 como executivo do BNDES, se tornou o substituto de Wallim Vasconcelos. Ele é membro do Conselho Deliberativo do clube e sócio-proprietário desde 1978.
Os próximos capítulos dessa novela na qual vale-tudo e não faltam vilões de todos os tipos, prometem deixar os rubro-negros de cabelos em pé…
Pobre Flamengo!
Coluna redigida pelo jornalista Renato Maurício Prado para o jornal carioca O GLOBO