
“Che, no me digan que llevaran en serio la historia de pedir LA MANO DE DIOS al Tribunal…”*
A diretoria do Palmeiras poderia ter evitado a goleada e o vexame de levar 9 a 0 no STJD. Não o fez. É a ela que cabe esse massacre no tapetão.
O clube tinha o direito de se sentir prejudicado por uma arbitragem que nitidamente sofreu influência externa? Tinha. Mas nem tudo que é legal é legítimo. Ou ainda, nem tudo que é de direito é direito. O gol de mão é uma das malandragens do futebol.
Malandro sai de fininho, não vai à delegacia prestar queixa. A diretoria palmeirense se achou malandra demais. Fuén.
Para quem não entendeu ainda: o gol anulado foi um gol de mão. O Palmeiras pedia Justiça por um gol de mão, queria que o STJD tirasse os pontos do Internacional por esse gol de mão. O Palmeiras não lutava pelo bem do Brasileiro, ou por uma melhor arbitragem, lutava contra seu próprio desespero de cair de novo à Série B.
Se o jurídico tivesse prestado denúncia contra a arbitragem sem pedir anulação do jogo, teria sido impecável.
Sou solidário à dor dos torcedores que sofrem por seus clubes. Sou extremamente compreensivo com a dor de quem vê um ente querido se perder e nada pode fazer. Desses torcedores nunca debocho porque têm espírito esportivo, espírito de quem entende a dignidade das coisas que se fazem no gramado, apesar de todo o vácuo de caráter que o futebol inspira.
Mas reprovo todos os que acharam que com uma conduta antidesportiva justificariam outra. Reprovo o jurídico do Palmeiras, que reivindicou um direito de se queixar com base em nada, dando falsas esperanças à torcida. E deploro aqueles que acharam que compensariam a incompetência da administração Tirone com ameaças à sua vida.
O Palmeiras nem sequer lutava pelo pênalti em Barcos. O lance foi apenas usado posteriormente como uma atenuante para o absurdo que era o requerimento da anulação do jogo. E pênalti não marcado nunca foi motivo para anulação de uma partida.
O que aconteceu foi que, depois desse julgamento, a promotoria do STJD não sentirá mais necessidade de julgar a interferência externa na arbitragem, esse fato sim, grave, que a Justiça Desportiva deveria investigar de próprio punho e com vigor, e não pelo viés de um suposto benefício ao Palmeiras – que sempre seria um prejuízo ao Internacional, lembremo-nos disso. A queixa do Palmeiras virou um álibi para a imobilidade da promotoria do STJD. Já escrevi neste espaço que o Palmeiras foi vítima, mas não como pensa.
O time do Palmeiras pode ter acesso a milagres, mas só se acreditar no jogo. Se extrair forças do hino, da “defesa que ninguém passa”, da “linha atacante de raça” e da óbvia necessidade de melhora de pontaria, pode fazer coisas maravilhosas. Como a Copa do Brasil deste ano. Como a Arrancada Heroica de 1942. Ou como o “Time de Guerreiros” do Fluminense, seu próximo rival, em 2009, que desafiou toda a matemática acreditando nas parcas chances que tinha, quando todos já lhe davam como morto. Aqueles homens deram ao Flu uma nova alma, um novo apelido, uma marca que persiste.
Esse mesmo Fluminense dos guerreiros ainda ecoa nas Laranjeiras e não por acaso será campeão brasileiro neste ano. Vencê-lo seria uma excelente maneira de provar que o Palmeiras ainda está vivo. Goleá-lo seria um incrível recado para quem não acredita nas façanhas. O 9 a 0 no STJD é uma derrota da diretoria, não do time, não da torcida que realmente ama o futebol sem influências externas, sejam elas de câmeras de TV, sejam elas de chicanas jurídicas.
Isso sim é mérito, e é isso que mantém os times na Série A.
* Foto de Marcos Ribolli, Globo Esporte.com
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